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Reporte-se diretamente a mim. Quero ter certeza de que isso está claro.
                 — Fique tranquila, senhora.
                 — Ótimo. Mantenha-me informada. — Sato desligou.
                 Nola esfregou os olhos e tornou a fitar os monitores com a vista cansada. Fazia 36 horas que
          não dormia e sabia muito bem que continuaria acordada até aquela crise terminar.
                 Seja ela qual for.
                 No  Centro  de  Visitantes  do  Capitólio,  quatro  agentes  da  CIA  especializados  em  trabalho  de
          campo estavam parados junto à entrada do túnel, espiando avidamente pela passagem mal iluminada
          como uma matilha de cães ansiosos pela caçada.
                 Depois de desligar o telefone, Sato se aproximou dos homens vestidos de preto.
                 —  Senhores  —  disse  ela,  ainda  segurando  a  chave  do  Arquiteto  —,  os  parâmetros  da  sua
          missão estão claros?
                 — Positivo — respondeu o líder do grupo. — Temos dois alvos. O primeiro é uma pirâmide de
          pedra gravada com cerca de 30 centímetros de altura. O segundo é um embrulho menor em formato de
          cubo, com cerca de cinco centímetros de altura. Ambos foram avistados pela última vez dentro da bolsa
          de Robert Langdon.
                 — Correto — disse Sato. — Esses dois objetos devem ser recuperados depressa e intactos. Os
          senhores têm alguma pergunta?
                 — Quais são os parâmetros para uso da força?
                 O ombro de Sato continuava dolorido onde Bellamy a golpeara com um osso.
                 — Como eu disse, recuperar esses objetos é de suma importância.
                 — Entendido. — Os quatro homens se viraram, penetrando na escuridão do túnel.
                 Sato acendeu um cigarro e ficou observando enquanto eles desapareciam.


          CAPÍTULO 51

                 Katherine  Solomon  sempre  fora  uma  motorista  prudente,  mas  agora  estava  correndo  com  o
          Volvo a mais de 140 quilômetros por hora em sua louca fuga pela Suitland Parkway. Seu pé trêmulo
          havia  ficado  grudado  no  acelerador  por  alguns  segundos  antes  de  o  pânico  começar  a  passar.  Ela
          agora percebia que aquele tremor incontrolável não se devia apenas ao medo.
                 Eu estou congelando.
                 O  ar frio  da  noite  de  inverno  soprava forte  por  sua janela  estilhaçada, fustigando-lhe  o  corpo
          como um vento ártico. Seus pés, cobertos apenas pela meia-calça, estavam dormentes, e ela estendeu
          a mão para baixo em busca do par de sapatos sobressalente que guardava sob o banco do carona. Ao
          se abaixar, sentiu uma pontada de dor no pescoço machucado pela mão potente de seu agressor.
                 O homem que arrebentara sua janela não tinha qualquer semelhança com o cavalheiro louro que
          Katherine  conhecera  como  Dr.  Christopher  Abaddon.  Os  cabelos  grossos  e  a  tez  lisa  e  bronzeada
          haviam desaparecido. A cabeça raspada, o peito nu e o rosto com a maquiagem borrada tinham se
          revelado uma aterrorizante tapeçaria de tatuagens.
                 Ela tornou a ouvir a voz dele, sussurrando-lhe em meio à ventania uivante do lado de fora de sua
          janela quebrada. Eu deveria ter matado você 10 anos atrás... na noite em que matei sua mãe.
                 Já sem um pingo de dúvida, Katherine sentiu um calafrio. Era ele. Nunca esqueceu a expressão
          de violência demoníaca daqueles olhos. Tampouco esquecera o barulho do único tiro que o irmão havia
          disparado e que matara aquele homem, fazendo-o despencar de uma ribanceira até o rio congelado lá
          embaixo, onde mergulhara para nunca mais reaparecer.
                 Os  investigadores  passaram  semanas  procurando  pelo  corpo,  mas  nunca  o  encontraram  e
          acabaram concluindo que a correnteza o levara para a baía de Chesapeake.
                 Eles estavam enganados, ela agora sabia. Ele continua vivo.
                 E ele voltou.
                 À  medida  que  as  lembranças  retornavam  à  sua  mente,  Katherine  se  sentiu  tomada  pela
          angústia.  Fazia  quase  10  anos.  Era  dia  de  Natal.  Katherine,  Peter  e  a  mãe  —  a  família  inteira  —
          estavam reunidos em sua grande mansão de pedra em Potomac, aninhada em um terreno arborizado
          de mais de 800 mil metros quadrados, atravessado por um rio particular.
                 Como  rezava  a  tradição,  sua  mãe  estava  ocupada  na  cozinha,  saboreando  o  costume  de
          cozinhar  para  os  filhos  nas  festas  de  fim  de  ano.  Mesmo  aos  75  anos,  Isabel  Solomon  era  uma
          cozinheira exuberante e, naquela noite, os aromas de carne de cervo ao forno, molho de ervas finas e
          purê  de  batatas  ao  alho  flutuavam  pela  casa,  dando  água  na  boca.  Enquanto  a  mãe  preparava  o
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