Page 250 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 250

— É, eu sei. Estenda a mão para a frente. Tem uma grade. Segure-se nela.
                 Langdon tateou no escuro e encontrou uma grade de ferro.
                 — Agora olhe. — Ele pôde ouvir Peter remexer alguma coisa e, de repente, o intenso facho de
          uma lanterna varou a escuridão. A luz estava apontada para o chão e, antes que Langdon conseguisse
          entender onde se encontrava, Solomon mirou a lanterna por sobre a grade e apontou o facho direto
          para baixo.
                 De repente, Langdon estava olhando para um p o sem fundo... uma escada em caracol infinita
          que mergulhava para as profundezas da Terra. Meu Deus!
                     Seus  joelhos  quase  vergaram  e  ele  se  agarrou  à grade  em  busca  de  apoio.  Aquela  era  uma
          escadaria em espiral quadrada clássica, e ele pôde ver pelo menos 30 patamares para baixo até onde a
          luz da lanterna alcançava. Não consigo nem ver o fundo!
                 — Peter — gaguejou ele. — Que lugar é este?
                 — Daqui a pouco vou levar você até o pé da escada, mas antes preciso que veja outra coisa.
                 Estupefato demais para protestar, Langdon deixou Peter guiá-lo para longe da escadaria até o
          outro lado daquela câmara estranha e exígua. Peter manteve a lanterna apontada para o piso de pedra
          gasto sob seus pés, e Langdon não conseguiu ter uma noção clara do espaço à sua volta... percebeu
          apenas que ele era pequeno.
                 Um pequeno cubículo de pedra.
                 Os dois logo chegaram à parede oposta do recinto, na qual estava incrustado um retângulo de
          vidro. Langdon pensou que talvez fosse uma janela para uma segunda câmara, mas, de onde estava,
          só conseguia ver escuridão do outro lado.
                 — Vá em frente — disse Peter. — Dê uma olhada.
                 — O que há lá dentro? — Langdon se lembrou da Câmara de Reflexões sob o Capitólio e de
          como  havia  acreditado,  por  um  instante,  que  ela  pudesse  conter  um  portal  para  alguma  gigantesca
          caverna subterrânea.
                 — É só olhar, Robert. — Solomon o empurrou de leve para a frente. — E prepare-se, porque a
          visão vai deixá-lo chocado.
                 Sem ter a menor ideia do que esperar, Langdon andou em direção ao vidro. Quando chegou
          mais perto, Peter desligou a lanterna, mergulhando a pequena câmara na mais completa escuridão.
                 Enquanto  seus  olhos  se  adaptavam,  Langdon  tateou  à  sua  frente,  encontrando  primeiro  a
          parede e depois o vidro, seu rosto se aproximando do portal transparente.
                 Mas havia apenas trevas.
                 Ele chegou mais perto ainda... até encostar o rosto no vidro.
                 Então viu.
                 A onda de choque e desorientação que varou o corpo de Langdon virou de cabeça para baixo
          sua bússola interna. Ele quase caiu para trás enquanto sua mente se esforçava para aceitar aquela
          visão  totalmente  inesperada.  Nem  mesmo  em  seus  sonhos  mais  loucos  Robert  Langdon  teria  sido
          capaz de adivinhar o que havia do outro lado daquele vidro.
                 A visão era gloriosa.
                 Ali, no escuro, uma luz branca muito forte reluzia como uma joia cintilante.
                 Langdon então entendeu tudo — a cancela na rua de acesso... os vigias na entrada principal... a
          pesada  porta  de  metal  do  lado  de  fora...  as  portas  automáticas  que  abriam  e  fechavam  com
          estardalhaço... o peso em seu estômago... a tontura que sentiu... e agora aquele pequeno cubículo de
          pedra.
                 — Robert — sussurrou Peter atrás dele —, às vezes basta uma mudança de perspectiva para se
          ver a luz.
                 Sem palavras, Langdon continuou a olhar pela janela. Seu olhar percorreu a escuridão da noite,
          atravessando quase dois quilômetros de espaço aberto, descendo mais... e mais... por entre as trevas...
          até pousar no domo todo branco e fortemente iluminado do Capitólio dos Estados Unidos.
                 Langdon  nunca  tinha  visto  o  Capitólio  daquele ângulo  —  a  170 metros  de  altura,  no  topo  do
          grande obelisco egípcio dos Estados Unidos. Naquela noite, pela primeira vez na vida, ele havia tomado
          o elevador até o pequeno cubículo de observação.., bem no alto do Monumento a Washington.
   245   246   247   248   249   250   251   252   253   254   255