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Depois de olhar nas quatro direções, Langdon pensou nas fotografias aéreas que tinha visto do
National Mall — seus quatro braços estendidos a partir do Monumento a Washington em direção aos
pontos cardeais. Estou na encruzilhada dos Estados Unidos.
Ele terminou de dar a volta, indo até onde Peter estava. Seu mentor parecia radiante.
— Bem, Robert, é isso. A Palavra Perdida. É aqui que ela está enterrada. Foi para cá que a
Pirâmide Maçônica nos conduziu.
Langdon demorou a entender. Tinha quase se esquecido da Palavra Perdida.
— Robert, não conheço ninguém mais digno de confiança do que você. E, depois de uma noite
como a de hoje, acho que você merece saber a história toda. Conforme prometido na lenda, a Palavra
Perdida está de fato enterrada no fundo de uma escada em caracol. — Ele apontou para a comprida
escadaria do monumento.
Langdon havia finalmente começado a retomar o controle da situação, mas voltou a ficar
intrigado.
Peter se apressou a levar a mão ao bolso, retirando um pequeno objeto lá de dentro.
— Está lembrado disto aqui?
Langdon pegou a caixa em forma de cubo que Peter lhe havia confiado tanto tempo atrás.
— Estou... mas, infelizmente, acho que não fui muito bom guardião.
Solomon deu uma risadinha.
— Talvez tenha chegado a hora de esta caixa ver a luz do dia.
Langdon examinou o cubo de pedra, perguntando-se por que Peter acabara de lhe entregar
aquilo.
— O que isto lhe parece? — perguntou Peter.
Langdon olhou para a inscrição 1514 AD e lembrou-se da primeira impressão que teve quando
Katherine desfez o embrulho.
— Uma pedra angular.
— Isso mesmo — retrucou Peter. — Mas existem algumas coisas que você talvez não saiba
sobre as pedras angulares. Em primeiro lugar, o conceito de assentá-las vem do Antigo Testamento.
Langdon aquiesceu.
— Do Livro dos Salmos.
— Isso. E uma verdadeira pedra angular está sempre enterrada... simbolizando o primeiro
estágio do edifício a ser erguido, saindo da terra em direção à luz celestial.
Langdon lançou um olhar para o Capitólio, recordando que sua pedra angular está enterrada tão
fundo que, até hoje, não se conseguiu encontrá-la.
— E, por último — disse Solomon —, assim como a caixa de pedra na sua mão, muitas pedras
angulares são pequenos cofres e têm cavidades ocas para armazenar tesouros enterrados... talismãs,
se preferir... símbolos de esperança para o futuro da construção a ser erigida.
Langdon também conhecia muito bem essa tradição. Até hoje, os maçons assentam pedras
angulares dentro das quais lacram objetos cheios de significado — cápsulas do tempo, fotografias,
proclamações e até mesmo as cinzas de pessoas importantes.
— Preciso deixar claro o que pretendo ao lhe contar isso — disse Solomon, olhando na direção
da escadaria.
— Você acha que a Palavra Perdida está enterrada na pedra angular do Monumento a
Washington?
— Acho, não, Robert. Eu sei. A Palavra Perdida foi enterrada na pedra angular deste
monumento no dia 4 de julho de 1848, durante um ritual maçônico.
Langdon o encarou.
— Nossos pais fundadores maçons enterraram uma palavra?
Peter fez que sim com a cabeça.
— Isso mesmo. Eles compreendiam o poder do que estavam enterrando.
Langdon havia passado a noite inteira se esforçando para aceitar conceitos vagos, etéreos... os
Antigos Mistérios, a Palavra Perdida, os Segredos de Todos os Tempos. Agora, queria algo concreto e,
por mais que Peter afirmasse que a chave de tudo estava enterrada em uma pedra angular 170 metros
abaixo de seus pés,
Langdon achava difícil acreditar nisso. As pessoas passam a vida inteira estudando os mistérios
e, mesmo assim, continuam incapazes de acessar o poder supostamente escondido neles. Langdon se
lembrou da gravura Melancolia I, de Dürer — a imagem do adepto arrasado, cercado pelas ferramentas
de seus esforços fracassados em desvendar os segredos místicos da alquimia. Se os segredos de fato
puderem ser desvendados, não estarão todos no mesmo lugar!