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Eles espionam os espiões dos Estados Unidos.
                 Com carta branca para investigar qualquer questão ligada à segurança nacional, o ES tinha um
          poder de longo alcance. Anderson não conseguia imaginar por que eles se interessariam por aquele
          incidente no Capitólio, nem como tinham ficado sabendo tão rápido dele. Segundo os boatos, porém, o
          escritório tinha olhos por toda parte. Até onde Anderson sabia, era possível que eles recebessem uma
          transmissão direta das câmeras de segurança do Capitólio. Aquele incidente não se encaixava de forma
          alguma nas diretrizes do ES, mas seria muita coincidência ele receber um telefonema da CIA naquele
          momento sobre qualquer outro assunto que não fosse a mão cortada.
                 —  Chefe?  —  O  segurança  lhe  estendia  o  telefone  como  se  fosse  uma  batata  quente.  —  O
          senhor precisa atender agora... É... — Ele fez uma pausa e articulou silenciosamente duas sílabas. —
          SA-TO.
                 Anderson  apertou  os  olhos  e  encarou  o  homem  com  intensidade.  Você  só  pode  estar  de
          brincadeira. Sentiu as palmas das mãos começarem a suar. Sato está cuidando disso pessoalmente?
                 Inoue Sato, a autoridade suprema do Escritório de Segurança, que ocupava o cargo de direção
          do órgão, era uma lenda na comunidade de inteligência. Depois de ter nascido entre as grades de um
          campo de concentração japonês em Manzanar, na Califórnia, após o ataque a Pearl Harbor, Sato, como
          todo sobrevivente, jamais esquecera os horrores da guerra, tampouco os perigos de uma inteligência
          militar  deficiente.  Agora  que  ocupava  um  dos  cargos  mais  secretos  e  poderosos  do  serviço  de
          inteligência norte-americano, se revelara de um patriotismo incondicional. Era um inimigo aterrorizante
          para  qualquer  oponente.  Suas  aparições  eram  raras,  e  o  temor  que  provocavam,  universal.  Sato
          singrava as águas profundas da CIA como um leviatã que só subia à superfície para devorar sua presa.
                 Anderson só havia encontrado Inoue Sato pessoalmente uma vez, e  a lembrança de encarar
          aqueles frios olhos negros bastou para que ficasse grato por só terem que se falar ao telefone.
                 Ele pegou o aparelho e levou-o à boca.
                 —  Alô  —  atendeu  com  a  voz  mais  simpática  possível.  —  Aqui  é  o  chefe  Anderson.  Como
          posso...
                 — Preciso falar agora mesmo com um homem que está aí no seu prédio. — A voz da autoridade
          máxima do ES era inconfundível: parecia cascalho arranhando um quadro-negro. Uma operação para
          retirar um câncer na garganta tinha deixado Sato com um tom de voz profundamente perturbador, além
          de uma cicatriz repulsiva no pescoço. — Quero que você o encontre para mim imediatamente.
                 Só isso? Quer que eu chame alguém? Anderson se sentiu subitamente esperançoso, pensando
          que talvez aquela ligação fosse pura coincidência.
                 — Quem é a pessoa que está procurando?
                 — O nome dele é Robert Langdon. Acho que está aí dentro do seu prédio neste momento.
                 Langdon? O nome parecia vagamente conhecido, mas Anderson não lembrava exatamente de
          onde. Ele começou a se perguntar se a CIA sabia sobre a mão.
                 — Eu estou na Rotunda agora — disse ele —, e há alguns turistas aqui... Espere um instante. —
          Ele abaixou o telefone e gritou na direção do grupo: — Pessoal, tem alguém aqui chamado Langdon?
                 Após um breve silêncio, uma voz grave respondeu do meio dos turistas.
                 — Sim. Eu sou Robert Langdon.
                 Sato sabe de tudo. Anderson esticou o pescoço para tentar ver quem tinha se identificado.
                 O  mesmo  homem que  tentara falar  com  ele  havia  alguns  minutos  se  afastou  dos  outros.  Ele
          parecia abalado... mas, de certa forma, lhe era familiar.
                 Anderson ergueu o telefone até a boca.
                 — Sim, o Sr. Langdon está aqui.
                 — Passe o telefone para ele — ordenou Sato com sua voz áspera.
                 O chefe de polícia soltou o ar preso nos pulmões. Antes ele do que eu.
                 — Um instante. — Ele acenou para Langdon se aproximar.
                 Enquanto Langdon chegava mais perto, Anderson percebeu de repente por que o nome soava
          conhecido. Eu acabei de ler um artigo sobre esse cara. O que ele está fazendo aqui?
                 Embora Robert Langdon tivesse 1,83m e porte atlético, Anderson não viu nem sinal da atitude
          fria e dura que esperava de um homem que havia sobrevivido a uma explosão no Vaticano e a uma
          caçada humana em Paris. Esse cara escapou da polícia francesa... de sapato social? Ele parecia mais
          alguém que se esperaria encontrar lendo Dostoiévski ao lado da lareira da biblioteca de alguma das
          universidades de elite do país.
                 — Sr. Langdon? — disse Anderson, adiantando-se para recebê-lo. — Sou o chefe de polícia do
          Capitólio. Eu cuido da segurança aqui. Telefone para o senhor.
                 — Para mim? — Os olhos azuis do professor pareciam aflitos e hesitantes.
                 Anderson estendeu o telefone.
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