Page 40 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Katherine parecia estar um passo à frente de Trish, pois já estava anotando algumas palavras
          em um pedaço de papel. Depois de anotar várias, parou, pensou alguns instantes e incluiu outras.
                 — Pronto — disse por fim, entregando o papel a Trish.
                 Trish percorreu rapidamente a lista de strings a serem buscados, e seus olhos se arregalaram ao
          ver as sequências de caracteres. Que tipo de lenda maluca Katherine está investigando?
                 —  Você  quer  procurar  todas  essas  expressões-chave?  —  Uma  das  palavras  Trish  nem
          reconheceu. Meu Deus, que língua é essa? — Acha que vamos encontrar tudo isso em um lugar só?
          Ipsis litteris?
                 — Eu gostaria de tentar.
                 Trish teria dito impossível, mas a palavra que começava com i era proibida ali dentro. Katherine
          considerava esse tipo de mentalidade perigosa numa disciplina que muitas vezes transformava falsos
          pressupostos  em  verdades  confirmadas.  Trish  Dunne  duvidava  seriamente  que  aquela  busca  fosse
          entrar nessa categoria.
                 — Quanto tempo até termos os resultados? — perguntou Katherine.
                 — Alguns minutos para programar o spider e disparar a pesquisa. Depois disso, talvez uns 15
          para ele concluir a busca.
                 — Rápido assim? — Katherine parecia animada.
                 Trish aquiesceu. As ferramentas de busca convencionais muitas vezes levavam um dia inteiro
          para se arrastarem por todo o universo on-line, encontrar novos documentos, digerir seu conteúdo e
          incluí-los na base de dados da pesquisa. Mas Trish não iria programar algo simples assim.
                 — Vou escrever um programa chamado delegador — explicou Trish. — Não é lá muito católico,
          mas é rápido. Essencialmente, é um software que coloca as ferramentas de busca de outras pessoas
          para  fazer  o  nosso  trabalho.  A  maioria  das  bases  de  dados  tem  uma  função  de  busca  embutida...
          bibliotecas,  museus,  universidades,  governos.  Então  eu  vou  programar  um  spider  que  encontra  as
          ferramentas  de  busca  deles,  insere  as  palavras-chave  que  você  me  deu  e  pede  que  eles  façam  a
          pesquisa. Assim, nós aproveitamos a capacidade de milhares de ferramentas e fazemos com que elas
          trabalhem simultaneamente.
                 Katherine parecia impressionada.
                 — Processamento paralelo.
                 Uma espécie de metassistema.
                 — Eu chamo você se encontrar alguma coisa.
                 — Obrigada, Trish. — Katherine afagou-lhe as costas e se encaminhou para a porta. — Vou
          estar na biblioteca.
                 Trish começou a escrever o programa. Codificar um spider de busca era uma tarefa menor, bem
          abaixo de seu nível de competência, mas ela não ligava para isso. Faria qualquer coisa por Katherine
          Solomon. Às vezes, Trish ainda não conseguia acreditar na sorte que a levara até ali.
                 Você foi mais longe do que imaginava, garota.
                 Pouco mais de um ano antes, Trish havia deixado seu emprego como analista de metassistemas
          em uma das grandes empresas impessoais da indústria de alta tecnologia. Nas horas vagas, trabalhava
          como  programadora  freelance  e  criou  um  blog  sobre  a  indústria  —  “Futuras  Aplicações  em  Análise
          Computacional  de  Metassistemas”  —,  embora  tivesse  dúvidas  de  que  alguém  o  lesse.  Então,  certa
          noite, seu telefone tocou.
                 — Trish Dunne? — indagou uma voz educada de mulher.
                 — Sim, sou eu. Quem está falando?
                 — Meu nome é Katherine Solomon.
                 Trish quase desmaiou ali mesmo. Katherine Solomon?
                 — Eu acabei de ler o seu livro, Ciência Noética: Portal Moderno para o Conhecimento Antigo.
          Até escrevi sobre ele no meu blog!
                 — É, eu sei — devolveu a mulher em tom cortês. — É por isso que eu estou ligando.
                 É  claro  que  é  por  isso,  percebeu  Trish,  sentindo-se  uma  boba.  Mesmo  os  cientistas  mais
          brilhantes pesquisam o próprio nome no Google.
                 —  Achei  seu  blog  intrigante  —  disse-lhe  Katherine.  —  Eu  não  sabia  que  os  modelos  de
          metassistemas tinham avançado tanto.
                 — Pode crer que sim — conseguiu responder Trish, fascinada por estar falando com Katherine.
          — Os modelos de dados são uma tecnologia em franca expansão que pode ser aplicada a diversas
          áreas.
                 As  duas  mulheres  passaram  vários  minutos  conversando  sobre  o  trabalho  de  Trish  com
          metassistemas, falando sobre sua experiência de analisar, criar modelos e prever o fluxo de imensos
          campos de dados.
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