Page 43 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 43

CAPÍTULO 19

                 A diretora Inoue Sato estava em pé, de braços cruzados, olhando com ceticismo para Langdon
          enquanto processava o que ele havia acabado de lhe dizer.
                 — Ele disse que quer que o senhor destranque um antigo portal? O que é que eu faço com essa
          informação, professor?
                 Langdon deu de ombros, desanimado. Estava se sentindo mal novamente e tentou não baixar os
          olhos para a mão cortada do amigo.
                 —  Foi  exatamente  isso  que  ele  me  falou.  Um  antigo  portal...  escondido  em  algum  lugar  na
          cidade, acho que neste prédio. Eu disse a ele que não sabia de portal nenhum.
                 — Então por que é que ele acha que o senhor pode encontrá-lo?
                 — Evidentemente ele é louco. — Ele disse que Peter iria apontar o caminho. Langdon baixou o
          olhar para o dedo esticado de Peter, sentindo-se novamente enojado pelo sádico jogo de palavras de
          seu captor. Peter apontará o caminho. Langdon já havia permitido que seus olhos seguissem a direção
          do dedo, que indicava a cúpula. Um portal? Lá em cima? Loucura.
                 — Esse homem que me ligou — disse Langdon a Sato — é a única pessoa que sabia que eu
          estaria no Capitólio hoje à noite, então, quem quer que tenha informado à senhora que eu estava aqui é
          o principal suspeito. Eu recomendo...
                 — Não é da sua conta onde eu obtive minhas informações — interrompeu Sato, com a voz cada
          vez mais incisiva. — Minha prioridade máxima neste momento é cooperar com esse homem, e eu tenho
          informações que sugerem que o senhor é o único capaz de dar o que ele quer.
                 — E a minha prioridade máxima é encontrar meu amigo — retrucou Langdon, frustrado.
                 Sato respirou fundo, evidentemente se esforçando para não perder a paciência.
                 —  Se  quisermos  encontrar  o  Sr.  Solomon,  só  temos  um  curso  de  ação  possível,  professor:
          começar a cooperar com a única pessoa que parece saber onde ele está. — Sato verificou o relógio de
          pulso.  —  Nosso  tempo  é  limitado.  Posso  lhe  garantir  que  é  essencial  atendermos  rapidamente  às
          exigências desse homem.
                 — Como? — perguntou Langdon, incrédulo. — Localizando e destrancando um antigo portal?
          Não existe portal nenhum, diretora Sato. Esse cara é maluco.
                 Sato chegou mais perto, parando a menos de meio metro de Langdon.
                 —  Permita-me  observar...  que  o  seu  maluco  já  manipulou  com  habilidade  dois  indivíduos
          relativamente inteligentes hoje de manhã. — Ela encarou Langdon e, em seguida, olhou de relance para
          Anderson. — No meu trabalho, nós aprendemos que a fronteira entre insanidade e genialidade é tênue.
          Seria sensato de nossa parte ter um pouco de respeito por esse homem.
                 — Ele cortou a mão de uma pessoa!
                 — Justamente. Isso está longe de ser o comportamento de um indivíduo indeciso ou hesitante.
          Mais importante ainda, professor, esse homem obviamente acredita que o senhor pode ajudá-lo. Ele o
          trouxe até Washington e deve ter feito isso por um motivo.
                 — Ele falou que o único motivo pelo qual pensa que eu posso destrancar esse “portal” é que
          Peter lhe disse que eu poderia fazer isso — rebateu Langdon.
                 — E por que Peter Solomon diria isso se não fosse verdade?
                 — Tenho certeza de que Peter não falou nada disso. E, se falou, ele o fez sob pressão. Estava
          confuso... ou amedrontado.
                 — Sim. Isso se chama interrogatório sob tortura e é bastante eficaz. Mais razão ainda para o Sr.
          Solomon dizer a verdade. — Sato falava como se conhecesse a técnica por experiência própria. — Ele
          explicou por que Peter acha que só o senhor pode destrancar o portal?
                 Langdon fez que não com a cabeça.
                 — Professor, se a sua reputação estiver correta, então o senhor e Peter Solomon compartilham
          um interesse por este tipo de coisa: segredos, fatos históricos esotéricos, misticismo e assim por diante.
          Em todas as suas conversas com Peter, ele nunca mencionou sequer uma vez nada sobre algum portal
          secreto aqui em Washington?
                 Langdon mal podia acreditar que uma alta funcionária da CIA estava lhe fazendo uma pergunta
          dessas.
                 — Tenho certeza que não. Peter e eu conversamos sobre coisas bem misteriosas, mas pode
          acreditar: se ele algum dia me dissesse que existe um antigo portal escondido em qualquer lugar, eu o
          mandaria procurar um médico para ver se estava tudo bem com a sua cabeça. Ainda mais um portal
          que conduz aos Antigos Mistérios.
                 Ela ergueu os olhos.
                 — Como assim? O homem lhe disse especificamente aonde este portal pode levar?
   38   39   40   41   42   43   44   45   46   47   48