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concordado que a confidencialidade era de suma importância; se aqueles dados saíssem dali para um
          servidor externo, eles não poderiam mais ter certeza de que continuariam secretos.
                 Convencida de que tudo estava correndo bem ali, ela  voltou pelo corredor. Ao fazer a curva,
          porém, viu algo inesperado do outro lado do laboratório. Mas o que é isso? Um brilho difuso emanava
          de todo o equipamento. Ela se apressou para examiná-lo, surpresa ao ver luz saindo de trás da divisória
          de plexiglas da sala de controle.
                 Ele está aqui. Katherine atravessou voando o laboratório, chegou à porta da sala de controle e a
          abriu.
                 — Peter! — disse, entrando às pressas.
                 A moça gorducha diante do terminal da sala de controle se sobressaltou.
                 — Ai, meu Deus! Katherine! Que susto você me deu!
                 Trish Dunne — a única outra pessoa na face da Terra com permissão para entrar ali — era a
          analista de metassistemas de Katherine e raramente trabalhava nos fins de semana. A ruiva de 26 anos
          era um gênio em elaboração de modelos de dados e havia assinado um contrato de confidencialidade
          digno da KGB. Naquela noite, estava aparentemente analisando dados no telão de plasma que cobria a
          parede  da  sala  de  controle  —  um  imenso  monitor  que  parecia  ter  saído  do  centro  de  controle  de
          missões da NASA.
                 —  Desculpe  —  disse  Trish.  —  Eu  não  sabia  que  você  já  tinha  chegado.  Estava  tentando
          terminar antes de você e seu irmão se reunirem.
                 — Você falou com ele? Ele está atrasado e não atende o celular.
                 Trish fez que não com a cabeça.
                 — Aposto que ele ainda está tentando descobrir como usar o iPhone novo que você deu para
          ele.
                 Katherine gostava do bom humor de Trish e a presença da ruiva ali acabara de lhe dar uma
          ideia.
                 — Na verdade, que bom que você está aqui hoje. Talvez possa me ajudar com uma coisinha, se
          não se importar.
                 — Seja o que for, tenho certeza de que é melhor do que futebol.
                 Katherine respirou fundo, acalmando a própria mente.
                 — Não sei muito bem como explicar isso, mas hoje mais cedo ouvi uma história estranha...
                 Trish  Dunne  não  sabia  que  história  Katherine  Solomon  tinha  escutado,  mas  algo  a  deixara
          claramente nervosa. Os olhos cinzentos geralmente calmos de sua chefe pareciam ansiosos, e ela já
          havia  ajeitado  os  cabelos  atrás  das  orelhas  três  vezes  desde  que  entrara  na  sala  —  um  sinal  de
          nervosismo, como Trish costumava dizer. Cientista brilhante. Péssima jogadora de pôquer.
                 —  Para  mim  —  disse  Katherine  —,  essa  história  parece  inventada..,  tipo  uma  lenda  antiga.
          Mas... — Ela fez uma pausa, arrumando outra vez uma mecha atrás da orelha.
                 — Mas...?
                 Katherine deu um suspiro.
                 — Mas hoje uma fonte segura me disse que a lenda é verdadeira.
                 — Certo... — Aonde ela quer chegar com isso?
                 — Vou conversar com meu irmão a respeito, mas antes disso talvez você possa me ajudar a
          lançar alguma luz sobre a questão. Adoraria saber se essa lenda já foi corroborada em algum momento
          da história.
                 — De toda a história?
                 Katherine assentiu.
                 — Em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma, em qualquer momento da história.
                 Um pedido estranho, pensou Trish, mas com certeza factível. Dez anos antes, a tarefa teria sido
          impossível.  Atualmente,  porém,  com  a  internet,  a  rede  mundial  de  computadores  e  a  crescente
          digitalização de grandes bibliotecas e museus do mundo, o objetivo de Katherine podia ser alcançado
          usando  uma  ferramenta  de  busca  relativamente  simples  equipada  com  um  exército  de  módulos  de
          tradução e algumas palavras-chave bem escolhidas.
                 — Sem problemas — disse Trish. Muitos dos livros de referência da biblioteca do laboratório
          continham trechos em línguas antigas, de modo que ela várias vezes precisava elaborar módulos de
          tradução específicos com base em Reconhecimento Ótico de Caracteres, ou OCR, para gerar textos em
          inglês a partir de línguas obscuras. Ela devia ser a única especialista em metassistemas do mundo a ter
          elaborado módulos desse tipo em frísio antigo, maek e acádio.
                 Os módulos iriam ajudar, mas o segredo para construir um agente de busca — ou web spider —
          eficaz era escolher as palavras-chave certas. Específicas, mas não excessivamente restritivas.
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