Page 36 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 36

— É do Escritório de Segurança da CIA.
                 — Nunca ouvi falar.
                 Anderson deu um sorriso sombrio.
                 — Bom, eles ouviram falar no senhor.
                 Langdon levou o fone ao ouvido.
                 — Sim?
                 — Robert Langdon? — A voz áspera de Sato irrompeu do pequeno fone, alta o suficiente para
          Anderson conseguir escutar.
                 — Sim? — respondeu Langdon.
                 O chefe de polícia se aproximou um passo para ouvir o que Sato dizia.
                 — Aqui é Inoue Sato, Sr. Langdon, do Escritório de Segurança da dA. Estou administrando uma
          crise neste exato momento e acredito que o senhor tenha informações que podem me ajudar.
                 Uma expressão esperançosa atravessou o semblante de Langdon.
                 — Isso tem relação com Peter Solomon? Vocês sabem onde ele está?
                 Peter Solomon? Anderson não estava entendendo absolutamente nada.
                 — Professor — retrucou Sato —, quem está fazendo as perguntas agora sou eu.
                 — Peter Solomon está correndo sério perigo — exclamou Langdon. — Algum louco acaba de...
                 — Com licença — disse Sato, interrompendo-o.
                 Anderson  se  encolheu.  Ele  está  brincando  com  fogo.  Interromper  o  interrogatório  de  um  alto
          funcionário da CIA era um erro que apenas um civil podia cometer. Pensei que esse Langdon fosse um
          cara esperto.
                 — Ouça com atenção — disse Inoue Sato. — Neste exato momento, enquanto estamos tendo
          esta conversa, este país está diante de uma crise. Fiquei sabendo que o senhor tem informações que
          podem me ajudar a evitá-la. Agora vou perguntar de novo. Que informações o senhor possui?
                 Langdon parecia perdido.
                 — Eu não tenho a menor ideia de que história é essa. Minha única preocupação é encontrar
          Peter e...
                 — A menor ideia? — indagou Sato em tom desafiador.
                 Anderson viu Langdon se eriçar. O professor então adotou um tom mais agressivo.
                 — Não, senhor. Não faço a mínima ideia.
                 Anderson se encolheu novamente. Errado. Errado. Errado. Robert Langdon havia acabado de
          cometer um erro muito grave ao lidar com Sato.
                 Infelizmente,  Anderson  percebeu  que  era  tarde  demais.  Para  seu  espanto,  Inoue  Sato  havia
          acabado de aparecer do outro lado da Rotunda, aproximando-se depressa por trás de Langdon. Sato
          está aqui no prédio! O chefe de polícia prendeu a respiração e se preparou para o impacto. Langdon
          não faz a menor ideia do que isso significa.
                 O  vulto  de  Sato  foi  chegando  mais  perto,  com  o  telefone  colado  ao  ouvido,  os  olhos  negros
          grudados como dois feixes de raio laser nas costas de Langdon.
                 Langdon apertou com força o telefone do chefe de polícia, sentindo-se cada vez mais frustrado à
          medida que Sato o pressionava.
                 —  Sinto  muito,  senhor  —  disse  ele,  lacônico  —,  mas  eu  não  sou  capaz  de  ler  os  seus
          pensamentos. O que o senhor quer de mim?
                 —  O  que  eu  quero  do  senhor?  —  A  voz  rascante  chiou  no  telefone  de  Langdon,  áspera  e
          cavernosa, como a de um moribundo com a garganta inflamada.
                 Enquanto o homem falava, Langdon sentiu alguém lhe cutucar o ombro. Deu meia-volta e seus
          olhos foram atraídos para baixo... parando bem no rosto de uma japonesa baixinha. A mulher tinha uma
          expressão  feroz,  a  tez  marcada,  cabelos  ralos,  dentes  manchados  de  nicotina  e  uma  perturbadora
          cicatriz  branca  que  cortava  seu  pescoço  na  horizontal.  Sua  mão  encarquilhada  segurava  um  celular
          junto à orelha e, quando seus lábios se moveram, Langdon escutou aquela mesma voz rascante sair do
          seu próprio celular.
                 — O que eu quero do senhor, professor? — Ela fechou o telefone com calma e o fuzilou com os
          olhos. — Para começar, poderia parar de me chamar de “senhor”.
                 Langdon a encarou, morrendo de vergonha.
                 — Minha senhora, eu... me desculpe. A nossa ligação estava ruim e...
                 —  A  nossa  ligação  estava  perfeita,  professor  —  disse  ela.  —  E  eu  tenho  uma  tolerância
          extremamente baixa para desculpas esfarrapadas.
   31   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41