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VIAGEM






























                                                Shiitake é fonte de vitamina C e ocupa o segundo lugar no ranking
                                                         dos cogumelos mais consumidos no Brasil

             Cultivo de cogumelos na Serra Gaúcha





                      Crescimento do shiitake exige atenção aos detalhes e dedicação diária do jovem produtor Joel Bolzan


                                                                     Texto e fotos
                                                                  Camila Baggio

          Há mais de 15 anos o agricultor Joel Bolzan resolveu investir em uma cultura  Joel criou um sistema de rodízio entre as etapas em um ciclo harmonioso como
        um tanto quanto inédita para a época. Em meio aos vales cobertos por vinhe-  uma orquestra. “Enquanto alguns blocos estão se preparando para produzir,
        dos da cidade de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, ele fez brotar de toras  outros estão na etapa de colheita e assim por diante. Isso garante a continuidade
        de madeira o cogumelo shiitake. Com pouco acesso à informações sobre o  do processo e o produto está disponível durante todo o ano”, relata. A produção
        cultivo, Joel aprendeu com os erros e aperfeiçoou uma produção que hoje já  varia entre 15 e 18 quilos por semana e, com a marca Majo’s Cogumelos, é
        incrementa de forma significativa a renda familiar – além de atrair visitantes e  vendida principalmente na região. “Felizmente a demanda tem se mostrado
        admiradores do cogumelo. O produtor ainda conquistou consumidores fiéis e  cada vez maior. Não ampliei o número de clientes, o que quer dizer que as
        criou produtos à base do shiitake, como a antepasto, elaborado pela própria
        família.
          O trabalho com os cogumelos tem diferencial nos detalhes e exige cuidados   O produtor Joel Bolzan se aventurou
        diários. O agricultor iniciou a produção com toras de madeira, mas hoje ad-  na produção de cogumelos por hobby
        quire blocos de substrato, uma forma de garantir uma produção ininterrupta,   e hoje o cultivo rende bons frutos na
                                                                               economia familiar e no turismo
        além de facilitar a mão de obra e o manejo dos cogumelos. Todo o processo
        de produção dura quase quatro meses e inicia com a chegada dos blocos
        compostos por serragem, farelo de soja e trigo, além das sementes de shiitake.
        No tempo certo eles passam por um resfriamento e então a mágica acontece,
        as sementes despertam e os cogumelos começam a despontar como pequenas
        pipoquinhas. “Este período exige um cuidado diário com os blocos a fim de
        evitar contaminações que acabam desprezando todo o material. O cultivo de
        cogumelo exige atenção aos detalhes”, enfatiza o produtor.
          Despertadas as sementes, os blocos seguem para outro espaço, onde ficam
        expostos em prateleiras. Demora entre oito e 10 dias para que os cogumelos,
        já colonizados, cresçam e estejam prontos para a primeira colheita. Esta pe-
        quena safra dura cerca de três dias – quando o ‘chapéu’ do cogumelo está
        totalmente aberto ele pode ser colhido. Cada bloco passa por esse processo
        de colheita três vezes, contando com um intervalo de 20 a 30 dias entre um
        ciclo e outro, além de uma reidratação com água. “O outono é um bom
        período para a produção de cogumelos, pois as noites de temperaturas mais
        amenas colaboram com o bom desenvolvimento da planta. O cogumelo tem
        muita interferência da temperatura e no inverno chega a adormecer em meio
        à colheita se as temperaturas caírem drasticamente”, explica Bolzan.

          Resultados brotam pelo turismo
          Para organizar o trabalho e ter sempre shiitakes fresquinhos para seus clientes,


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