Page 52 - 5
P. 52

FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

                  onde  foi  capitão-mor  de  Chaul           moradia.  C.g.
                                              328
                                                                     330
                  Depois  foi  governador  de  São  Jorge
                  da Mina (1559). A 14.4.1559 escreveu   2.3.  Branca de Carvalho,  freira  no
                                                                                       331
                  uma carta ao secretário Pedro de          convento de Santa Clara, no Porto.
                  Alcáçova Carneiro sobre a sua entrada   2.4.  Dr. Henrique da Cunha ,  n.  cerca
                                                                                 332
                  no porto da Mina e seguimento que         de 1482 e fal. depois de 1540, cavaleiro
                  fez  a  cinco  naus  depois  que  tomara   da Casa Real  e, como o pai e irmão,
                                                                      333
                  posse da capitania daquela fortaleza      também contador de Entre-Douro-e-
                  por morte de Manuel da Fonseca, e         Minho. 334  Sucedeu  nomeadamente
                  os franceses não terem feito resgate      como  senhor  de  Cunha-a-Velha.  Tirou
                  depois  que  chegara  à  dita  terra  e   ordens menores em Braga a 28.5.1491.
                                                                                         335
                  seu deplorável estado por causa dos       Aparece também referido como doutor
                  ingleses que lhe estavam pedindo o        ou licenciado, pelo que se terá formado
                  ordenado que venciam os capitães          em Leis ou Cânones, provavelmente na
                  passados.   Casou  cerca  de  1550        Universidade de Salamanca. D. Manuel
                          329
                  com D. Guiomar Lobo, filha de João        I  enviou  a  18.6.1510  ao  almoxarifado
                  Freire  Lobo,  moço  fidalgo  da  Casa    de Ponte de Lima uma provisão para se
                  de  D.  João  III  com  1.000  reais  de   pagar  a  Henrique  da  Cunha,  cavaleiro
                                                            da  sua  Casa,  80.000  reais  em  parte
           que foi na Mina que Deus tem, em modo que faça fé,   de  seu  casamento,  mais  70.000  reais
           que está em poder de João de Sequeira escrivão desta   de  mercê,  tendo  este  documento  a
           provedoria, porque manda a eles ditos padres lhe façam
           um ofício de nove lições todos os anos, com sua missa
           cantada,  pelo  que  praziam  mande  ao  dito  escrivão
           passe  a  dita  certidão  em  modo  que  faça  fé.  João  de   330   Consta  aí  como  “Joaõ  Freire  Lobo  filho  de  Xpovaõ
           Sequeira de Castro, escrivão da provedoria, atesta que   Freire”. Vide D. António Caetano de Sousa, “Livro dos
           tem em seu poder o livro dos registos, no qual consta   Moradores da Casa do Senhor Rey D. João III do nome,
           às folhas 310 o treslado do testamento que fez Manuel   Rey de Portugal”, in “Provas da História Genealógica da
           da Mesquita, capitão-mor que foi da Mina, pelo qual   Casa Real Portuguesa”,  ob.  cit.  É  certamente  filho  de
           testamento consta estar uma verba cujo treslado  de   Cristóvão Freire e sua mulher Violante Lobo.
           verbo adverbum  é  o  seguinte:  “compridas todas as   331   Segundo  Alão,  ob.  cit.,  que  a  chama  D.  Branca  da
           ditas cousas e ofícios e missas e descargos que mando   Silva. Mas é preciso recuar ao séc. XIII para encontrar
           fazer  pela  maneira  atrás  declarada  que  tudo  se  fará   Silva  na  sua  ascendência.  Teve  o  prenome  da  avó
           do monte moor de minha fazenda como dito he tudo o   materna Branca Lourenço de Carvalho.
           mais que remanescer de minha fazenda assim dinheiro   332  Ao contrário do que alguns dizem, não usou o nome
           como  raiz  fasso  e  instituo  em  capella  e  tudo  haquilo   Cunha nem por obrigação de morgado instituído por seu
           que  se  achar  se  empregará  em  fazenda  de  raiz  forra   pai nem tão-pouco por o dito seu pai ter sido senhor de
           e isenta e se anexará a quintã da Falpera (ou Salpera)   Cunha-a-Velha.  Com  efeito,  já  consta  como  Henrique
           que me ficou de meu pai e mãe e do rendimento da dita   da  Cunha  quando  tirou  ordens  menores  (28.5.1491)  e
           quintam e do mais fazenda que a ella anexar seram os   seu pai só a 19.6.1498 comprou o senhorio de Cunha-
           herdeiros dela obrigados a mandar dizer para sempre   a-Velha.  Sendo  pouco  normal  o  uso  do  apelido  nos
           em cada um ano hofício de nove lições com suas horas   ordinandos  menores,  houve  aqui  um  acto  de  vontade
           e ladainhas hofertada com hum saquo de seis alqueires   do pai para que este seu filho secundogénito tivesse o
           de  triguo  e  seis  almudes  de  vinho  ho  que  mandaram   nome Cunha, invocando assim a avó Isabel da Cunha e
           fazer por dia de todos os Santos ou dous dias antes ou   sua linhagem.
           despois e mais nam e assim mandaram dizer uma missa   333  Referido como tal desde 1510.
           das chagas cada somana pola minha alma e de meu pai   334   Sobre ele há muita documentação como contador
           Fernaõ da Mesquita e pola alma de minha mãe e isto   da comarca de Entre-Douro-e-Minho, pelo menos entre
           para sempre em cada hum ano como dito he paguará   1515 e 1531 (ANTT, Corpo Cronológico, p. I e II). O cargo
           ho  administrador  e  manistradores  desta  capela  que   incluía  o  de  contador  dos  almoxarifados  de  Ponte  de
           está  situada  na  ihgreja  de  Samta  Maria  d’Oliveira  de   Lima e Guimarães, vindo por vezes assim referido. D.
           Guimarais na capela de JHUM honde ho dito meu pai jaz   João III confirmou-o no cargo (ANTT, Chancelaria de D.
           enterrado aquillo com que se consertar com hos padres   João III, Liv. 46, fól. 143v).
           da dita Igreja de que eles sejam contentes” (AMAP, C –   335  ADB, Matrículas de Ordens da Mitra de Braga, Pasta
           778, fól. 238).                            5. Consta como Anrique da Cunha, filho de Rui Mendes,
           328  ANTT, Chancelaria de D. João III, M., Liv. 68, fól. 247.  contador, e sua mulher Ana Rodrigues, moradores em
           329  ANTT, Corpo Cronológico, p. 1, mç. 103, nº 57.  Santa Maria de Guimarães.

           52
   47   48   49   50   51   52   53   54   55   56   57