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Diogo Faria FRAGMENTA HISTORICA
em fundos da Torre do Tombo, como as labor dos primeiros anos da Academia Real
Gavetas ou o Corpo Cronológico, e em da História. Por outro lado, constituem uma
arquivos estrangeiros. Diversos volumes base que, se lida criticamente, pode contribuir
do Quadro Elementar… do Visconde para o esboço de algumas das linhas de força
de Santarém poderão constituir uma da diplomacia portuguesa no reinado de D.
espécie de guia numa primeira fase Manuel I. Com este estudo, pretendeu-se abrir
dessa pesquisa. esse caminho através da disponibilização do
3. Alargamento da perspetiva geográfica. texto e da sistematização e análise sumária
Os catálogos de Francisco Dionísio dos dados que contém. De alguma forma,
de Almeida são eminentemente resgatou-se também a memória de Francisco
eurocêntricos, mas a verdade é que D. Dionísio de Almeida da Silva Oliveira, um
Manuel I também recorreu à diplomacia jovem historiador desaparecido em 1722,
para estabelecer relações políticas em cujo trabalho se encontrava ‘sepultado’
África e no Oriente. num manuscrito britânico. Que o que fez há
quase trezentos anos ainda possa ter alguma
4. Alargamento do questionário e do âmbito utilidade é o que mais se deseja.
temático do estudo, tendo em conta
as mais recentes perspetivas sobre a
história da diplomacia da Idade Média
e do Renascimento . Vários aspetos
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poderão ser abordados: a tipologia da
documentação diplomática; a diversidade
de agentes; o financiamento das missões;
os rituais e a etiqueta; as viagens e
os aspetos logísticos das missões,
entre outros. As origens do processo
de estabelecimento de embaixadas
permanentes no estrangeiro (em Castela
e em Roma fundamentalmente) são um
assunto que, remontando ao reinado
de D. Manuel, continua a necessitar de
cabal esclarecimento.
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Os fólios 17 a 24v do manuscrito Add. MS.
20958 da Biblioteca Britânica revestem-se
de um duplo interesse para a historiografia
portuguesa. São, por um lado, um testemunho
singular sobre a forma de estudar História em
Portugal nos primórdios do desenvolvimento
metódico da disciplina, remetendo para o
38 Veja-se, sobre isso: Stéphane Péquignot, “Les
diplomaties occidentales, XIII -XV siècles”, in Les
e
e
relations diplomatiques au Moyen Âge. Formes et
enjeux. XLI Congrès de la SHMESP (Lyon, 4-6 juin 2010),
Paris, Publications de la Sorbonne, 2011, pp. 47-66; John
Watkins, “Toward a new diplomatic history of medieval
and early modern Europe”, Journal of Medieval and
Early Modern Studies, n.º 38, 2008, pp. 1-14.
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