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FRAGMENTA HISTORICA Uma linhagem, duas Casas: em torno dos Ataídes e
das origens das Casas da Atouguia e da Castanheira
(séculos XV‐XVI)
alcaidaria-mor de Coimbra, enquanto cidade infante D. Fernando, de casar o seu herdeiro
de grande importância em vários momentos com uma filha do infante . É provável que
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capitais da história da Monarquia Portuguesa. Álvaro Gonçalves não tenha sido alheio a esta
Por estes motivos, a alcaidaria-mor de Coimbra promessa. A sua ligação aos Castros permitia
foi, sem dúvida, umas das jóias zelosamente ainda a Ataíde assegurar e manter junto de D.
mantidas pela Casa de Atouguia e que muito Pedro o decisivo apoio político do infante D.
a prestigiavam. Henrique à sua conturbada regência.
A esta última mercê acresceram outras: As ligações de Ataíde ao infante D. Henrique
doações de propriedades em Loulé e no surgem também atestadas pelo facto de, em
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Porto , e da Quinta do Judeu , em Porto de 1447, ter armado uma nau para a Guiné ,
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Mugém, e ainda privilégios para os moradores cujo comando atribuiu a João de Castilha ,
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de Monforte de Rio Livre . No mesmo sentido, e até por existir referência de que teria
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foram as doações a D. Guiomar, a qual também estado nas Canárias em data incerta .
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recebeu do regente confirmações em nome Ambas apontam não só para a comunhão de
do casal e viu confirmada a posse da Quinta interesses com D. Henrique, mas também
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do Reguengo de Chantas e o aforamento para a percepção de que a Expansão poderia
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do paul do Feijoal , ambos no termo de trazer proventos económicos vantajosos, o
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Santarém. Todas estas mercês traduziam o que poderá explicar os desentendimentos que
reconhecimento do regente, da valia do seu fiel Castilha teve com o infante D. Henrique .
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servidor, colocando-o em posição de poder vir Ainda neste plano se poderá enquadrar o que
a receber um título. Inserem-se ainda na sua parece ter sido o interesse pela dilatação da fé
política de rodear D. Afonso V de apaniguados fortemente evidenciado pela Casa de Atouguia
seus como forma de garantir a sua influência em períodos posteriores. Os dois projectos
no período pós-regência . ajudavam Álvaro Gonçalves de Ataíde a
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A aliança política com os Castros durante estes alicerçar o seu poder. A questão da dilatação
anos manteve-se, como elucida a nomeação da fé foi, aliás, um dos elementos integrados
de D. Henrique de Castro e a promessa feita na heráldica da Casa de Atouguia em inícios do
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pelo infante D. Pedro, aquando da nomeação século XVI , vindo a constituir-se como um
de D. Fernando de Castro, em 1440, para a dos elementos para a afirmação dos membros
devolução de Ceuta a troco da libertação do da Casa em diversos contextos. Este último
aspecto não deve também ser desligado do
interesse evidenciado por membros da Casa
134 Cf. ANTT, CDAV, livro 20, fl. 9v., s.l., 9.I.1440.
135 Cf. ANTT, CDAV, livro 25, fl. 68v., 21.I.1445. na participação activa na reforma das ordens
136 Tratando-se da primeira confirmação, por parte religiosas, como adiante se constatará.
da Coroa, de anterior compra da Quinta a D. Maria Quando o infante D. Pedro abandonou a
da Cunha (Cf. ANTT, CDAV, livro 25, fl. 141, s.l.,
22.VIII.1443), a qual foi novamente rectificada em 1444 regência, Ataíde permaneceu na corte como
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(Cf. Idem, livro 25, fl. 1, s.l., 18.VIII.1444). conselheiro ao lado de D. Afonso V . Tendo
137 Isentando-os do pagamento de diversos impostos e
da obrigação de irem à guerra (Cf. ANTT, CDAV, livro 27, 142 Cf. João Paulo Oliveira e Costa, Op. Cit., pp. 261-262.
fl. 110v., s.l., 21.X.1440). 143 Cf. Gomes Eanes Zurara, Crónica do Descobrimento e
138 Como da doação de Cernache e dos casais de Chança Conquista da Guiné, introdução, actualização de texto e
e Carvalhal (Cf. ANTT, CDAV, livro 34, fl. 104v., s.l., notas de Reis Brasil, Mem Martins, Publicações Europa-
18.II.1439) ou da Quinta do Judeu, em Porto de Mugém América, s.d., cap. LI.
(Cf. Idem, livro 25, fl. 141v.). 144 Cf. Ibidem, cap. LXVIII.
139 Também doada a Álvaro Gonçalves. Cf. ANTT, CDAV, 145 Cf. Afonso Zúquete, Nobreza de Portugal e do Brasil,
livro 25, fl. 18v., 28.I.1442. Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1960, p. 331.
140 Igualmente a favor de Álvaro Gonçalves. Cf. ANTT, 146 Cf. Gomes Eanes Zurara, Op. Cit.,cap. LXIX.
CDAV, livro 25, fl. 20, s.l., 10.I.1444. 147 Sobre a problemática da heráldica dos Ataídes e da
141 Nessa mesma lógica promovera, logo nas Cortes de Casa de Atouguia veja-se: João Bernardo Galvão-Telles,
Torres Vedras de 1441, a ideia de casar a sua filha D. Miguel Metelo de Seixas, “Em redor…”, p. 94.
Isabel com D. Afonso V, vindo o consórcio a realizar-se 148 Cf. Humberto Baquero Moreno, Op. Cit., vol. II, p.
em Maio de 1447. 723.
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