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FRAGMENTA HISTORICA Uma linhagem, duas Casas: em torno dos Ataídes e
das origens das Casas da Atouguia e da Castanheira
(séculos XV‐XVI)
sepultar o guarda-mor e camareiro-mor do do Algarve . A sua nomeação para o cargo de
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infante D. Pedro, D. Vasco de Vila Lobos . Nesta mordomo-mor do infante D. Fernando, o qual,
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área inserem-se ainda as obras que mandou relembre-se, foi por esta época, o herdeiro da
realizar na Graça de Santarém, na qualidade Coroa, em caso de falecimento de D. Afonso
de única parente viva de D. Pedro de Meneses, V , garantiu a Álvaro Gonçalves de Ataíde a
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1º conde de Vila Real, de quem era tia , ou continuidade de serviços da sua linhagem à
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ainda a relevante fundação, devidamente Coroa. Esta, sempre difícil de assegurar num
solicitada e autorizada pela Coroa , do momento sucessório, permitia antever que a
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mosteiro franciscano de Xabregas. Estas capacidade de influência da Casa na corte iria
evidenciam como D. Guiomar provavelmente manter-se. Na verdade, a nomeação relembra
terá permanecido fora na corte de D. Afonso a do próprio Álvaro Gonçalves, em 1438, para
V. O que não implica, como referido, que não aio de D. Afonso V, a qual, como se viu, lhe
continuasse a deter uma palavra fundamental permitiu uma ascensão rápida. Assim, tudo
na gestão da Casa de Atouguia e possivelmente levava a crer que existiriam condições para que
nas negociações para os consórcios dos seus o mesmo pudesse acontecer com a nomeação
filhos e filhas, como seria de esperar da sua de D. Martinho.
condição de condessa viúva . Em 1452, assim que recebeu a confirmação dos
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Na realidade, o papel de medrança na corte bens da Casa e do seu título, o novo conde teve
foi desempenhado por D. Martinho de Ataíde. que superar uma importante prova. Perante a
Tendo sido, muito provavelmente após inesperada partida do infante D. Fernando para
Alfarrobeira, nomeado por D. Afonso V para Ceuta, onde tencionava ficar como fronteiro, o
mordomo-mor do infante D. Fernando , Africano nomeou D. Martinho para convencer
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D. Martinho surgia, no seguimento do seu o infante a regressar . O retorno afigurava-se
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consórcio com D. Catarina de Castro, e logo difícil pois D. Fernando ficara desagradado com
em 1451, identificado como conselheiro régio o monarca por este se ter recusado a permitir-
e capitão do mar . Esta referência não se lhe acompanhar a sua irmã, a infanta D.
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coaduna com a alusão, não datada, de que Leonor, quando esta partiu para a Alemanha .
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teria sido capitão-mor dos Reinos de Portugal e Colocando-se ainda a hipótese, depois não
confirmada, de vir a ser herdeiro de Afonso
V de Aragão (r. 1418-1458) , percebe-se
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187 Cf. Ibidem, pp. 36-37. que o que estava em jogo na nomeação de D.
188 Cf. Maria de Lurdes Rosa, “Entre a corte e o ermo: Martinho era demasiado importante para que
reformismo e radicalismo religiosos (fins do século XIV- este pudesse concretizar sozinho a missão. Por
século XV)” in História Religiosa de Portugal, direcção
de Carlos Moreira de Azevedo, vol. I, coordenação de este motivo o Africano mandatou também D.
Ana Maria C. M. Jorge e Ana Maria S. A. Rodrigues, s.l., Fernando (v. 1403-1478), então 4º conde de
Círculo de Leitores, 2000, p. 492. Arraiolos e futuro 2º duque de Bragança ,
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189 Para a doação dos Paços e horta do Laranjal na vila
de Xabregas tendo em vista a fundação do convento
veja-se: ANTT, CDAV, livro 15, fl. 16, s.l., 17.X.1455. Para 193 Cf. Nobreza de Portugal…, vol. II, p. 331. Fica por
sustento deste recebeu ainda, em 1463, a doação de esclarecer se o cargo de capitão-mor, aparentemente,
um poço, nora, vinhos e terra (Cf. Idem, livro 9, fl. 110v., com jurisdição em terra, se aplicava igualmente à
s.l., 25.VI.1463). A inauguração do convento contou vertente marítima.
com a presença do rei e da corte (Cf. Sousa Viterbo, “A 194 Até ao nascimento do príncipe D. João, futuro D. João
avó…”, p. 411). II, em 1455.
190 Também característica da época. Cf. Ricardo Cordoba 195 Cf. Rui de Pina, Op. Cit., vol. II, cap. CXXXIV.
de la Llave, Isabel Beceira Pita, Op. Cit., pp. 245-246. 196 Cf. Sebastiana Pereira Lopes, O Infante D. Fernando
191 Desconhece-se a data exacta da nomeação mas e a nobreza fundiária de Serpa e Moura (1453-1470),
deduz-se que seria após Alfarrobeira por antes não se dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de
conhecer intervenção determinante de D. Martinho, Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa,
independentemente da influência de seu pai, que 1997, pp. 32-36.
pudesse justificar a atribuição do cargo. Cf. Affonso de 197 Cf. Ibidem.
Dornellas, Op. Cit., vol. I, p. 117. 198 Cf. Rui de Pina, Op. Cit., vol. II, cap. CXXXIV.
192 Cf. ANTT, CDAV, livro 12, fl. 7, s.l., 22.IX.1451. 199 Sobre esta figura veja-se o trabalho de Maria Barreto
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