Page 68 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Salvação                                                63

         de fazer uma pausa e perguntar:  Como poderia Cristo ver “a
         nua posteridade” e “o fruto do penoso trabalho de sua alma”
         e  ficar satisfeito,  a não ser que a  salvação  de determinados
         membros da raça humana tivesse sido divinamente decretada,
         sendo, portanto, algo que certamente ocorreria? Como poderia
         acontecer que  Cristo justificaria a muitos,  se não houvesse
         nenhuma  provisão  eficaz  que  garantisse  que  alguns  O
         acolheriam como  seu Salvador?  Por outro lado,  insistir que
         Cristo,  na  verdade,  tinha  o  propósito  de  salvar  toda
         humanidade é acusá-Lo de algo que nenhum ser humano deve
         se  tornar réu,  ou  seja,  pretender aquilo que,  em virtude da
         sua onisciência, Ele sabia que nunca viria a acontecer. Logo,
         a  única  alternativa  que  nos  resta  é:  quanto  ao  propósito
         predeterminado de sua morte,  Cristo morreu  somente pelos
         eleitos. Resumindo em uma única frase, que esperamos seja
         compreensível a cada leitor, Cristo não morreu para possibi­
         litar a salvação de toda a humanidade, mas para assegurar a
         salvação  de  todos  aqueles  que  lhe  tinham  sido  concedidos
         pelo Pai. Cristo morreu não simplesmente para possibilitar o
         perdão dos pecados, mas “para aniquilar pelo sacrifício de si
         mesmo o pecado”  (Hb 9.26).
                (1 )0  propósito limitado da expiação resulta, necessa­
         riamente, da eterna escolha, feita pelo Pai, de certas pessoas
        para  a  salvação.  As  Escrituras  dizem-nos  que,  antes  de
         encarnar-se, o Senhor exclamou: “Eis aqui estou... para fazer,
         ó  Deus,  a  tua  vontade”  (Hb  10.7);  e,  depois  de  ter-se
         encarnado, declarou:  “Porque eu desci do céu não para fazer
         a minha própria vontade,  e,  sim,  a vontade daquele que me
        enviou” (Jo 6.38). Portanto, desde o princípio, Deus escolheu
         certas pessoas para a salvação; então, visto que a vontade de
         Cristo estava em perfeita consonância com a vontade do Pai,
        Ele não procuraria aumentar o número de eleitos pelo Pai.  O
        que acabamos de dizer não é apenas uma plausível dedução
        nossa,  mas uma afirmativa feita em estrita harmonia com o
        fiel ensino da Palavra. Diversas vezes, Jesus se referiu àqueles
        que o Pai lhe dera, acerca dos quais se preocupava de maneira
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