Page 72 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Salvação                                                67

          ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede
          por nós”.  Note,  de maneira especial,  que a morte e a inter-
          ccssão de Cristo têm o mesmo objetivo! Tal como se deu com
          o  tipo,  assim  se  dá  no  caso  do  antítipo  —  a  expiação  e  a
          Inlercessão  são  co-extensivas.  Portanto,  se  Cristo  intercede
          somente em favor dos eleitos e não “pelo mundo”, foi somente
          por Eles que Ele morreu.
                 (4)        O número daqueles que participam dos benefícios
          da morte de Cristo é determinado não somente pela natureza
          da  expiação  e  do  sacerdócio  de  Cristo,  mas  também  pelo
          poder dEle.  Admitindo que Aquele que morreu na cruz  era
          Deus  manifesto  em  carne,  segue-se,  inevitavelmente,  que
          aquilo  que Cristo determinou,  Ele mesmo cumprirá;  aquilo
          que Ele comprou, Ele mesmo há de possuir. Segue-se também
          que aquilo que Ele propôs em seu próprio coração, Ele mesmo
          assegurará  que  aconteça.  Se  o  Senhor  Jesus  possui  todo  o
          poder  no  céu  e  na  terra,  ninguém  consegue  resistir  à  sua
          vontade.  Contudo,  poder-se-ia dizer que,  falando-se  abstra­
          tamente,  essa  é  a  verdade;  entretanto,  Cristo  recusa-se  a
          exercer esse poder, visto que nunca forçará a quem quer que
          seja  a  recebê-Lo  como  Salvador.  Em  certo  sentido,  isto  é
          verdade;  mas,  em outro é inteiramente falso.  A  salvação de
          qualquer pecador é questão do poder divino.  Por natureza, o
          pecador se acha em estado de inimizade contra Deus, e nada,
          exceto  o poder  de  Deus,  operando nele,  poderá  vencer  tal
          inimizade;  daí,  está escrito:  “Ninguém pode vir a mim se o
          Pai,  que me enviou, não o trowcer”  (Jo 6.44).  É o poder de
          Deus, vencendo a inimizade natural do pecador,  que torna o
          pecador disposto a vir a Cristo a fim de obter vida. Mas, por
          qual razão essa “inimizade não é vencida”  no caso de todas
          as pessoas? Estão alguns corações tão endurecidos que Cristo
          não pode entrar neles? Responder afirmativamente é negar a
          onipotência  de  Cristo.  Afinal  de  contas,  não  se  trata  da
          disposição ou da indisposição do pecador, porque todos, por
          natureza, mostram-se indispostos. A disposição de vir a Cristo
          é o resultado final do poder divino operando sobre o coração
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