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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus





            Sexta-feira - 01 de Maio

            A Liberação do Sofrimento



            Como libertar-se do sofrimento – analogia com as ondas

            Eu vou começar falando sobre a liberação do sofrimento, sobre a condição livre do sofrimento. Nós
            fazemos o sofrimento surgir, depois temos que dissolver, dar um jeito nisso! Queria lembrar a
            experiência de todos nós quando, por exemplo, estamos meditando e a mente vagueia. Não sei se
            alguém já percebeu isso! A mente pode vaguear, e esse aspecto do vaguear da mente é uma
            experiência muita profunda, ainda que possa parecer superficial. Porque ela nos permite entender o
            aspecto livre da mente. Realmente ela não se fixa. Experimentem fixar a mente a alguma dessas
            coisas sobre as quais estamos vagueando, não conseguimos! O vaguear tem essa característica, as
            coisas surgem e as coisas cessam, então nesse vaguear há uma natural perfeição.


            Esse   é   um   ponto   interessante.   Quando   quisermos   localizar   o   que   está   além   do   sofrimento
            começamos com essa compreensão, começamos a olhar as coisas e descobrimos que a natureza de
            Buda, a natureza primordial está em todas elas, não há nenhuma manifestação que não seja essa
            natureza primordial, mesmo o vaguear da mente. Então, quando temos as experiências, podemos
            compreendê-las como um lago com as suas ondas, acho que essa é uma boa imagem, pode parecer
            uma imagem óbvia, mas não é uma imagem óbvia, podemos transformar isso numa observação. Por
            exemplo, enquanto os pensamentos vagueiam eles são como as ondas que vão surgindo num lago e
            que, eventualmente, queremos controlar. Mas, nos ensinamentos mais elevados, evitamos controlar,
            percebemos que as ondas vêm e vão. No entanto, o lago é permanente, as ondas podem ser
            pequenas, maiores, se dissolverem, podem passar por vários problemas, mas o lago está lá! Então,
            quando falamos dos pensamentos como ondas, isso nos remete não à noção da própria onda, mas
            nos remete à noção de algo que transcende as ondas, que é o próprio lago, e aí temos algo como um
            substrato para o surgimento dessas múltiplas ondas.

            Essas ondas, às vezes surgem pequenas, às vezes grandes. Surgem por um período de dez anos, pode
            surgir uma onda por dez anos, mas ela vem e vai e podemos observar que o lago segue. Às vezes
            surgem ondas que parecem tornar-se uma realidade inteira, e ainda assim se dissolvem. Podemos
            não perceber a existência do lago, ou perceber a próxima onda, ou começar a aspirar por uma
            próxima onda, ou de repente, o nosso lago pode ficar paralisado, só ondinhas mínimas, ou seja,
            desaparece a energia desse processo, e ainda assim temos o lago. O importante é entender que esse
            lago é a condição aberta dentro da qual as múltiplas configurações podem surgir, precisamos tentar
            ver isso, no meio do girar de tudo, e ver se há ou não há esse lago.


            Estaremos neste encontro até domingo, e observem: isto também é uma onda, isso surge e cessa.
            Neste momento vocês poderiam estar em outros lugares, poderiam ter criado outras opções para
            passar o feriado que não essa aqui, poderiam ter imaginado e ter vivido outra coisa, e temos um lago
            e estamos vivendo esta onda agora, mas pode haver outras, ainda que estejamos vivendo esta onda
            aqui o lago continua intacto.


            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            4 / 43
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