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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            meio ao surgimento das ondas, como se fossem surfistas cósmicos. E, ao mesmo tempo, eles podem
            entrar na onda ou não, ou até mesmo criar a própria onda. Esse é o ideal de todo surfista! Criar a
            onda e surfar nela, e ao mesmo tempo estar livre dela, e quando ele quiser, sair. E então volta ao
            grande lago, e gera outra onda, e aí segue... Ele é capaz também de surgir nas ondas dos outros seres.
            Repentinamente surge surfando ao lado do outro, e quando a onda do outro vai perdendo força ele
            diz: “Existe o grande lago, você pode fazer a onda surgir!” Essa é a condição do Buda, o Buda é aquele
            que entende isso.





            Os seis reinos


            Agora vamos analisar as nossas circunstâncias. A nossa condição é a do susto diante das coisas, e nós
            reagimos, assim surgem os seis reinos. Diante das coisas nós usamos diferentes métodos. Um deles é
            sempre achar que as coisas são favoráveis e boas, é o método dos deuses. Eles sempre dão um jeito
            de achar que aquela onda é boa, mas eles não estão livres das ondas e nem são conscientes do lago.
            Às vezes não tem como eles acharem que aquela onda é boa, e aí os deuses... Depois vêm os
            semideuses, eles  tentam provar para os outros que a sua onda é melhor que as outras o tempo todo;
            que eles surfam de um jeito um pouco melhor. Se, eventualmente, aparece algum outro surfista mais
            poderoso, ele dá um jeito de derrubar o outro, aquilo é aflitivo pra ele. Não basta surfar bem, ele tem
            que derrubar os outros que surfam melhor, que estão em ondas melhores. Dizem que a grande
            tragédia dos semideuses são os deuses, os deuses são surfistas maravilhosos, surfam muito melhor!
            Quando aparecem os deuses na praia, as pessoas olham só para os deuses, não olham para os
            semideuses! Quando eles saem na areia, ninguém está olhando para eles, só para os deuses...
            Situação  grave!  Fizeram  um  esforço  danado!  Os  deuses   têm  meios   hábeis,   mas  eles   não  são
            absolutos, eles não têm o controle sobre os fatos. Mais do que isso, se eles tivessem o controle,
            ficariam mais tempo limitados às ondas, por exemplo. Se isso der certo, na visão dos ensinamentos
            do Darma, é um problema. É melhor um surfista tipo prego, é um fracasso! Ele troca de profissão, vai
            ser um bodisatva, se ele andasse na praia ele estaria preso! Dizem que é necessário sofrer, mas
            melhor do que sofrer é ter lucidez. Mas, não tendo outra coisa, vamos de sofrimento mesmo... Fazer
            o quê?! É bom percebermos esse fato, isto surge como se fosse uma grande inteligência, começam a
            surgir os seis reinos, começamos a forçar.

            Aí surgem seis especialidades: aqueles para os quais tudo dá certo, mas aí vemos que eles sucumbem,
            grandes empresas... Elas quebram! Agora pensem, é vergonhoso, se os bancos sabem ou não sabem
            fazer as coisas darem certo?  Então nós estamos agora no ruir do tempo dos deuses, porque são
            dezenas de bancos que quebraram. Assim podemos ver que os deuses e semideuses, mesmo tendo
            grande poder, não adianta!   Tem um momento em que as coisas afundam, e quando as coisas
            afundam onde vamos buscar força? Na liberdade! Os acionistas, as pessoas preocupadas dizem: em
            que direção nós vamos? Eles voltam ao grande lago. Em vez de seguir uma onda, eles voltam ao lago,
            e que onda deveríamos criar agora? Essa é a pergunta. Ainda que eles pensem agora numa nova
            onda, eles esquecem imediatamente o lago e começam a cavalgar numa nova onda, e esquecem
            tudo. Ficam presos a isso. Os bodisatvas são aqueles que evitam essa ignorância de, ao entrarem
            numa forma, ficarem presos ali. Os bodisatvas surgem ali dentro para ajudar as pessoas a sair daquilo,


            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            9 / 43
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