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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus





            Presença, êxtase e a oferenda a Samantabadra

            É importante contemplar a liberdade que construiu este fim de semana, e assim usufruir esta
            liberdade. Enquanto estiverem caminhando pelo jardim observem que, dentro deste lago amplo,
            vocês geraram uma onda que é o caminhar no jardim. Então caminhem degustando a liberdade de ter
            criado   isto.   Quando   quiserem   parar   para   contemplar   uma   árvore,   parem,   e   quando   pararem,
            usufruam a liberdade de parar, e contemplem isto que é chamado de presença. Quando as coisas
            surgem, por exemplo, quando o retiro surge, outras coisas desaparecem - como se vocês estivessem
            em   outro   lugar   o   retiro   teria   desaparecido.   As   ondas   não   são   a   presença,   as   ondas   são   a
            impermanência, são o flutuar. Mas há algo que não flutua, experimentem isso. Quando forem se
            mover, não se movam; de repente se movam, e parem! Experimentem essa liberdade, essa condição
            do lago. Assim vocês experimentam o que é chamado de presença incessante Quando sonhamos à
            noite somos arrastados pelos mundos oníricos. Experimentem dar uma paradinha! Porque o sonho
            também é uma onda, surfamos nesta onda. Então olhamos essas múltiplas configurações e sorrimos
            para elas. Quando sorrimos não estamos presos a elas, deixamos tudo isso acontecer livremente, com
            todas as cores e sensações. Mas, ao mesmo tempo em que usufruem isso como a liberdade de
            manifestar, não percam a noção do lago, a qualquer momento podemos interromper e seguir. Esse
            processo é chamado êxtase diante da manifestação, que por sua vez é inseparável da natureza
            incessante. Aqui eu introduzi esta terceira palavra: êxtase.

            Vou introduzir uma quarta expressão: oferenda a Samantabadra. Samantabadra é o Buda Primordial,
            nós tomamos as coisas comuns que são como ondas e reconhecemos a presença, a liberdade,
            fazemos as coisas surgirem, mas estamos livres delas ao mesmo tempo, chamamos isso de oferenda a
            Samantabadra. Nós oferecemos as coisas que aparentemente são comuns ao Buda Primordial. Na
            verdade elas já não são comuns, são a manifestação dele mesmo, manifestação dessa liberdade
            original   que   é   Samantabadra.   Então,   damos   os   nossos   passos   no   jardim   e   oferecemos   a
            Samantabadra. Isso é uma oferenda de lucidez, não é uma oferenda de coisas, olhamos as coisas, as
            mentes, as diferentes configurações construídas e sorrimos para elas, e oferecemos a Samantabadra.





            Mandala e não-meditação

            Então surge, também, a noção de oferenda de Mandala, pois olhamos para trás nas nossas vidas e
            dizemos: “Tudo aquilo que eu vivi, eu ofereço, é isso! Não tem nem tempo, foram coisas que
            surgiram uma depois da outra nesse lago atemporal, eu ofereço a Samantabadra”. Nós olhamos os
            universos   inteiros   como   essas   ondas   que   surgem,   elas   são   inseparáveis   de   nossa   visão   e   as
            oferecemos, também, como experiências a Samantabadra. Repousamos nesse lago, mesmo que não
            precisemos ficar com as pernas cruzadas, em meditação shamata. Nós oferecemos porque a oferenda
            de lucidez não precisa dessa posição do corpo, não precisa da nossa mobilidade, nós podemos
            passear suavemente pelo jardim oferecendo as múltiplas experiências e, ao mesmo tempo, nos
            manter numa condição livre de poder nos mover em qualquer direção, livres, dissolvendo as ondas e
            criando outras. Essa é a melhor forma de meditar, é chamada algumas vezes de não-meditação, é a

            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            6 / 43
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