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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            sair dessa fixação, dessa limitação da visão. Isto não é sair do lugar, para os meus alunos, por muitas
            vezes eu digo, por favor, se entendeu isso, então não se mova, não peça demissão, não abandone a
            família! Então faça tudo direitinho, não só direitinho, como melhor do que você vinha fazendo.
            Estabeleça melhores relações em todas as direções porque agora você pode. Não é porque o outro
            está se comportando mal que você vai se comportar mal também, agora você tem esse poder, você
            ganhou um corpo translúcido, as flechas não lhe pegam, aquilo vem e transpassa. O samsara vai
            perdendo força. Não precisa nem se esquivar.

            No reino dos humanos eles olham para aquilo tudo e pensam: agora vou fazer um planejamento para
            derrubar a onda, para surfar melhor. Então eles fazem um planejamento daquilo, como fazer aquilo
            andar melhor. Estão presos também, só que eles têm alguma vantagem, que depois vou explicar pra
            vocês.

            Aí vêm os animais, o reino dos animais é assim: “Bom, eu não vou fazer nada”. Alguns animais têm no
            seu tamanho a força: a onda vem e bate, dá uma osciladinha  e não acontece nada; outros, na sua
            pequenez, simplesmente flutuam no meio daquilo e saem depois, eles não têm a menor aspiração de
            conter a onda. De modo geral os animais respondem com a própria feição do corpo. Eles deixam
            aquilo ir.

            Depois temos os seres famintos. Diante das ondas eles sempre pensam: “Essa onda nunca é como eu
            quero, é sempre assim, eu sempre estou na posição errada, eu nunca estou na posição certa, aquilo
            nunca dá bem certo, ou quando estou preparado a onda vai para as pedras!”

            E há os infernos, a pessoa diz: “Todas as ondas são contra mim, são todas erradas e quando estou
            remando em direção às ondas, elas são fortes, sempre me derrubam e quando chego ao outro lado,
            vem a calmaria. Quando eu volto, de novo, vem uma onda torta que me derruba de novo. Quando
            penso que vou pegar a onda, vem um tubarão! Todos estão contra mim”. A pessoa olha em volta,
            todos surfando direito, só ela que não está conseguindo. “Tem um complô no universo contra mim!”
            Esse é o reino dos infernos.





            Disciplina e a vida humana preciosa

            Mas, se observarem com cuidado, os seis reinos estão oscilando em volta das ondas. Mas surge um
            surfista dourado, uma “áurea”, sentado numa prancha com uma flor de lótus. Todo mundo olha... e...
            a prancha não vai funcionar! Ele está ali para quê? Para nos ajudar a reconhecer essa natureza ampla,
            ou seja, as múltiplas circunstâncias que vêm e vão, mas tem algo que está além dessas circunstâncias,
            mesmo em meio às circunstâncias. Podemos experimentar isso. Estamos fazendo este movimento,
            mas como ninguém vai prestar atenção nisto, ele tem que falar dentro do mundo, ele começa os
            ensinamentos para trás, até que chega o ponto da pessoa entender no seu próprio contexto, e
            alguma coisa no caminho começa. Essencialmente esse caminho é o caminho da não-responsividade,
            que   começa   com   um   tipo   de   responsividade   que   programamos,   ou   seja,   é   uma
            contrarresponsividade, que é a disciplina. Criamos uma disciplina como oposição à responsividade,
            dividimos o dia em quadradinhos, cada horário do dia é para uma certa coisa. E se aparecer uma



            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            10 / 43
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