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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            outra coisa, não fazemos, fazemos aquilo que está programado. E então nos fixamos. Existe esse
            caminho. Mas essa não é uma etapa introdutória, é um pouco mais adiante, ela nos leva a um trecho
            onde, mais adiante, vamos precisar mesmo de lucidez, disciplina não vai adiantar. Porém, podemos
            perceber que há um caminho longo antes mesmo da própria disciplina.


            O reino humano é melhor porque contempla os ensinamentos do Buda, que nos revelam como
            trafegar em meio a essas condições sem ficar presos a elas. Esse é o ensinamento do Buda, o Darma.
            Essa é uma condição melhor porque o Darma existe. Nós já temos a liberdade, se vocês olharem para
            isso aqui, estamos numa condição antinatural, sob o ponto de vista dos outros animais, nós estamos
            aqui despreocupados, nossas coisas estão todas resolvidas. Isso significa que temos méritos. Quando
            chega o horário do almoço, a comida está pronta. Serenamente, revestidos para evitar o frio, sem
            insetos nos agredindo, sem problemas e com a disponibilidade de entender os ensinamentos e
            praticar. Isso é a vida humana preciosa, isso é uma grande coisa! Se olharmos os outros seres, eles
            estão   incessantemente   ocupados   com   suas   próprias   coisas,   com   a   sua   sobrevivência,   com   o
            movimento que precisam fazer para não afundarem. Nós estamos aqui, num ambiente construído por
            uma dimensão de compaixão, que alguém compassivamente imaginou que as pessoas precisariam de
            ambientes desses para aprofundar suas mentes e suas emoções. Estamos protegidos, se pudermos
            dizer assim, por uma grande inteligência de mãe, que provê todas as coisas, que cuida de nós, mesmo
            que não reconheçamos, e isso é considerado uma condição favorável. Há uma proteção de pai aqui
            que é o próprio Buda que vem e nos ensina as coisas. Estamos protegidos por todas essas condições
            favoráveis, pai e mãe. Mas nós não entendemos, nem vemos! É como se fôssemos filhos adolescentes
            da pior espécie, não temos nem gratidão, nem compreensão de onde tudo vem, pegamos aquilo e
            usamos como achamos que devemos usar. Então, a condição humana é essa. Deveríamos ter muita
            reverência, muito cuidado com todas as coisas que são favoráveis para nós. Toda a natureza foi
            submetida e se oferece para nós, e dispomos da natureza de uma forma adolescente. É como se
            houvesse um grande apoio para a condição humana, para que possamos aproveitar isso, gerando
            lucidez para ajudar todos os seres. A condição humana é favorável.





            As formas de sofrimento

            Na incompreensão disso, presos aos seis reinos, o que nós vemos? Entendemos que existe o
            sofrimento do sofrimento, ou seja, as coisas doem, doem nos olhos, nos ouvidos, nariz, língua, tato e
            mente. Quando atingem o nosso tato a nossa pele dói. Algo muito quente, ou muito frio, dói. E assim
            por diante, olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente. Os seis órgãos são portas do sofrimento. Esse é
            o  sofrimento   do   sofrimento,   quando   nós   estamos   iludidos   no   meio   do   samsara,   no   meio   da
            responsividade das ondas, nós temos flutuações que afetam os órgãos físicos e órgãos da mente. Não
            percebemos que estamos engajados ao próprio corpo, não percebemos que temos uma natureza
            livre do próprio corpo, temos uma natureza que se funde com o próprio corpo. Isso fica claro quando
            vamos   estudar   as   causas   do   sofrimento,   que   são   essencialmente   os   12   elos   da   originação
            interdependente. O quinto elo é chamado de shadayatana, quando a consciência livre passa a ser
            filtrada   através   dos   órgãos   dos   sentidos.   Essa   fixação   aos   órgãos   dos   sentidos   produz   essa
            experiência, então precisamos contemplar com muito cuidado como se dá isso, como se dá o


            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            11 / 43
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