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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus

5 - Aí surge a pergunta seguinte: Surgimos como aqueles que irão intervir ou não? Vocês se veem
surgindo com uma identidade capaz de falar com as pessoas? Vocês veem esse surgimento? Então a
motivação está completa. Com essa motivação fazemos as práticas. As práticas solidificam a flor de
lótus e nos proporcionam os meios hábeis para agir. Então temos o nascimento, temos uma florzinha,
um talozinho e um nascimentozinho! Mas entendemos que através dos ensinamentos isso vai se
ampliando.

Parte II

1 – Agora irei propor uma meditação desse modo, procurem exemplos nas suas vidas de quando
conseguiram manifestar essas etapas, porque todos nós já temos esta sabedoria. Não precisa criar,
nem inventar isso. Nós olhamos para o passado. Agora temos um código para as ações do passado.
Uma vez eu estava viajando, vi um acidente e parei. Na verdade eu tinha que seguir, eu não tinha
nem tempo, mas parei. Este já é o exercício da liberdade. Tinha sofrimento ali? Tinha. Tinha emoções
perturbadoras? Tinha. Brotou dentro de mim algo que me fez intervir? Surgiu essa aspiração de
intervenção, ainda que as pessoas criticassem – “não faça, pare...“ Senti que era necessário fazer isto
– é a flor já surgindo. Eu tenho uma visão de mundo, eu já fui ajudado, agora é a minha vez de ajudar.
Então ela surge, ele tem meios hábeis para ajudar. Nós também manifestamos isso, mas não tem
consciência desse aspecto, e se não tem consciência disso, mais difícil ainda será tomar refúgio nesta
motivação. Devemos assumir isso como o centro da nossa operação. Então vou propor isso: vocês vão
sentar e meditar durante meia hora, primeiro localizar onde já operaram com isso e deu certo e vão
anotar mentalmente com cuidado, depois vão reconhecer esse surgimento e ver se vocês têm
verdadeiramente a capacidade de fazer surgir esta motivação, de trazer benefício aos seres, de se
posicionar desse modo.

Depois, na segunda forma de meditação, nós vamos nos colocar diante de uma circunstância difícil de
hoje, e ver se estão ali a margem, o lago, o lodo e se ali brota o lótus ou brota a raiva, o ódio, o medo.
Irão brotar as emoções perturbadoras ou irá brotar o talo do lótus? E quando brotar o talo do lótus
brota também a explicação do por que nós vamos agir assim, uma visão de mundo que nos ajude a
sustentar isso. Então surgimos ali dentro: vamos fazer isso ou não? Vocês podem examinar essas
experiências e até contar: “Bom, eu consegui; eu não consegui.” Em grupos vocês vão contar as
histórias, as experiências uns aos outros, e vão fazer um relato e anotar. Ao final, criarão uma
pergunta ao Lama. Quanto ao trabalho em grupos, o grande mérito é que todos falam e todos são
ouvidos. A minha sugestão é ficar sozinho meditando por meia hora, para localizar as experiências
pelas quais já vimos de forma completa o lodo, a água, vimos surgir o talo, a flor de lótus e nos vemos
sobre a flor de lótus. Gostaria de introduzir um elemento que faltou: a radiância do Buda, que é sobre
essa flor de lótus, brota uma energia autossurgida, um brilho interno, uma energia não-causal e
milagrosa, uma alegria que nos sustenta. Todos nós temos essa sabedoria, em algum momento
expressamos isto.

Cada um vai ter uma experiência de lótus diferente, uns vão ter uma conexão direta com Guru
Rinpoche, outros com Samantabadra, mas em todos os casos veremos o surgimento do talo do lótus,
da sensação de segurança que a flor oferece e da possibilidade de inserção no mundo. Porque todos

CEBB - Retiro Araras – maio 2009 16 / 43