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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            têm a aspiração de fazer algo, mas nem sempre sentem uma inserção possível, sentem-se excluídos
            pelo ambiente ao redor, como se o lótus não tivesse podido surgir. Só o botão do lótus não pode se
            abrir. Assim, não temos como surgir, o nosso surgimento é sempre um processo de relação. Se não
            houver essa abertura do lótus dentro da circunstância, pode ser que o ambiente seja demasiado
            hostil e por isso não brota o meio hábil. Por isso se diz: o Buda veio, mas poderia não ter vindo, ele
            ensinou,   mas   poderia   não   ter   ensinado,   os   ensinamentos   perduraram,   mas   poderiam   ter
            desaparecido, ou poderiam não existir nesta região.





            Perguntas e respostas:

            P: Tenho algo para fazer, mas não tenho energia, nem vontade para fazer. Como proceder?


            R: Avaliamos se aquela ausência de energia não tem sabedoria dentro. Pode ser que tenha, pode ser
            que não tenha! Mas se a ausência de energia  não tiver  uma sabedoria,  então  procuramos a
            motivação correta, que é a de trazer benefício de algum modo, e damos um jeito de vestir por cima
            dessa ação que precisamos fazer. Vamos supor, estamos estudando sem vontade, mas se pensarmos
            que esse estudo pode gerar um conhecimento, que pode ajudar as pessoas e pensar que cada um de
            nós será professor no futuro de algumas pessoas, nós é que teremos que chegar a certas pessoas, os
            outros não têm como chegar, por uma conexão cármica. Então, se aprendermos aquilo e avançarmos
            rápido, poderemos ajudar aquelas pessoas. Senão aquelas pessoas ficarão esperando por éons, até
            ficarmos prontos. Se conseguirmos uma motivação para estudar, trabalhar, conectados ao Darma, é
            uma boa coisa, é provável que surja a energia. Mas por mais que se raciocine e se conclua que
            estamos perdendo tempo, essa motivação será uma outra coisa, pode ser que tenhamos uma
            motivação dos seis reinos para estudar ou fazer um trabalho. Por exemplo, podemos estar com uma
            motivação competitiva, dos semideuses, o que é muito comum. A pessoa está com a motivação de
            brilhar, de se colocar acima de outra coisa; ou pode estar com uma motivação dos reinos dos
            humanos, a de galgar uma posição, porque faz parte de um planejamento: comprar um carro, ter
            uma casa, casar, 3 filhos, muitas prestações... Podemos estar com várias motivações, é necessário
            olhar que motivação é essa. Qual é a paisagem que nos coloca naquela ação que estamos fazendo. Se
            observarmos que a paisagem não está correta, tentamos dar uma ajeitada, até que seja gerada uma
            paisagem de lucidez e compaixão para aquela ação que vamos fazer.





            Parte Prática (cont.)


            Segunda contemplação - isolada

            2 - Depois localizamos algum desafio que tenhamos que resolver, podemos contemplar como se fosse
            de outra pessoa. Por exemplo, a Baía de Guanabara poluída. E aí vamos por partes, há emoções
            perturbadoras, ignorância etc? Sim! Então temos o lodo. Há os sofrimentos dos seres? Sim. Temos a
            água. Ver se brota algo em nós? O quê? Pode brotar inércia ou apatia. Vamos supor que brote a
            sensação de que algo precisa ser feito, então brota o talo do lótus. Agora surge a pergunta: Como


            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            17 / 43
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