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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            situação estiver clara observem assim: nessa imagem de Guru Rinpoche no lago existem as margens
            do lago e o fundo do lago. Então vem esta pergunta: vocês reconhecem as emoções perturbadoras e
            as ações não-virtuosas que estão presentes nessa situação? Vamos supor que se trate da final do
            campeonato,   a   condição   não-auspiciosa   é   a   fixação   das   pessoas   àquilo;   quais   as   emoções
            perturbadoras   presentes?   Raiva,   rancor,   ódio,   medo,   agressão,   orgulho,   inveja,   desejo/apego,
            carência. Está tudo misturado ali na final do campeonato! Pode-se olhar a manifestação disso no
            corpo, na mente, na energia e na paisagem. Então contemplem isso. Vocês irão dizer: “Sim! As ações
            não-virtuosas e as emoções perturbadoras estão presentes ali!” Então o lodo está presente.

            2 - Depois olhem a água. Olhamos assim: as lágrimas estão presentes? O sofrimento na forma das
            lágrimas que significam tristeza, desânimo. Qualquer pessoa que já perdeu o campeonato, no outro
            dia estará “torta”, antes do fim do jogo já desliga a TV, ou sai do estádio devagar, fica quieta e deixa
            aquilo passar. Então tem tristeza nisso. Às vezes tem violência, as pessoas se sentem revoltadas e
            resolvem agredir. As lágrimas são o lago onde vai surgir o lótus.

            3   -   Agora   precisaríamos   ver   se   brota   em   nós   o   lótus,   ou   seja,   quando   vemos   as   emoções
            perturbadoras e as lágrimas, se brota em nós a aspiração de intervir positivamente nisso. Este é o talo
            do lótus. O talo vem das raízes que estão no lodo, no reconhecimento dessas emoções perturbadoras,
            ele é irrigado pelas lágrimas e surge acima das lágrimas. Isso é muito, muito raro. Em geral quando
            fazemos contato com as emoções perturbadoras, ações não-virtuosas e sofrimento somos arrastados
            pela onda correspondente a isso. Nós não temos a aspiração de ultrapassá-la, normalmente. Isso
            pode brotar quando contemplamos as situações com os nossos filhos. Faríamos qualquer coisa para
            que eles não passassem pelo sofrimento, nós aspiramos para nós mesmos aquele sofrimento, com
            certeza!  Pais e mães têm esta sensação: “Por que esta doença não pega em mim?” Às vezes, mesmo
            com pessoas que não conhecemos, vemos que o sofrimento delas é tão grande que aspiramos que
            aquilo tivesse acontecido conosco, pois saberíamos o que fazer. Aquela pessoa fica presa e está aflita
            no meio daquilo. Esse é o talo do lótus, vemos ele brotar.

            Qual é o sinal do talo do lótus? É o brilho nos olhos, os nossos olhos se abrem e surge uma energia
            dentro de nós, aquilo está vivo! Se vocês quiserem observar – aqui vou colocar entre parênteses – a
            depressão cessa. O antídoto principal para a depressão é a compaixão, o talo do lótus. Mas até aqui
            surgiram estas perguntas: Frente a esta situação você vê o lodo das emoções perturbadoras e as
            ações não-virtuosas? Você vê as lágrimas do sofrimento espalhadas nesta situação? Agora a pergunta
            é esta: Você reconhece esse surgimento da energia de brilho? Essa energia de positivamente ajudar
            os seres diante daquilo. Você vê isso?

            4 - Depois vem a própria flor. Surge a flor flutuando sobre a água. A flor corresponde à base cognitiva,
            aos   recursos   que   temos   para   produzir   algum   tipo   de   benefício,   é   a   base   que   permite   nosso
            surgimento. Nós temos o talo, que é crucial, o talo é essencialmente essa motivação perfeita
            produzindo resultado. Mas podemos ter a motivação e não ter a etapa seguinte, que é o nascimento
            naquela condição. Para nascer precisamos ter uma visão de mundo na qual a nossa intervenção esteja
            correta. Sentimos que também temos recursos para intervir. Aqui há uma visão de mundo que
            justifica o meu surgimento e os recursos que me possibilitam esse surgimento, e isso é simbolizado
            pela flor de lótus. Podemos nos perguntar: Existe essa visão de mundo que nos permite, enfim,
            intervir? Às vezes achamos que não podemos intervir, mas agora podemos, vemos a flor!

            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            15 / 43
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