Page 41 - 2010_02_20_Nascendo_no_Lotus_-_Retiro_Araras_Maio_2009
P. 41
Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
SIDI - sabedoria da causalidade, HUNG - sabedoria de Darmata. Cada vez que digo uma sílaba eu vejo
aquilo claramente, muitas e muitas vezes repito e reproduzo isso. Aspiro que sempre que eu ouvir o
mantra isto produza uma conexão. O caminho todo é ilusório, é para ser abandonado, é um método.
Perguntas e respostas
P: Poderia falar sobre o Dzogchen?
R: O Dzogchen surgiu em Ordjen, numa área próxima ao Paquistão, através de Garab Dorje, uma
emanação do Buda Primordial. O Dzogchen surgiu de modo mágico e se encontrou com os
ensinamentos de Buda Sakiamuni através de um aluno dele, Manjushrimitra, um dos principais
debatedores da universidade de Nalanda, que vai ao encontro de Garab Dorje e se torna seu aluno. E
assim são fundidos os ensinamentos Dzogchen com os ensinamentos do Buda. Guru Rinpoche vem
depois, vai ao Nepal, Butão, Índia e aí vai ao Tibete levando os ensinamentos Dzogchen. Quem leva
os ensinamentos do Buda ao Tibete foi o erudito Khenpo Shantirakshita, da Índia, que junto com o rei
fundam o templo Samye, o primeiro monastério budista. Assim começa o budismo tibetano. Nessa
época a religião predominante no Tibete era o Bon, só que o Bon descrito pelos budistas desta época
procurava melhorar as condições de vida das pessoas dentro da roda da vida através de rezas e
xamãs. No entanto, hoje, o Bon está muito próximo do Budismo, em algumas tradições é como se
fosse a quinta linhagem tibetana. Hoje os mestres Bon fazem suas formações dentro dos monastérios
budistas, estudam em monastérios Gelugpa, Nyingma e dentro dos seus próprios monastérios. Eles
também dizem que o Bon começou com um Buda, o Buda Shenrab Miwo, anterior ao Buda Sakiamui,
inclusive dizem que ele teria sido mestre do Buda Sakiamuni. Eles também tomam refúgio no Buda,
Darma e sanga, eles se consideram budistas. Apresentam uma outra cosmologia, codificada por
Tapihritsa, depois vêm as histórias dos conflitos e guerras entre os reis que professavam o Bon e os
reis que professavam o budismo. Mas hoje é tempo de paz, S.S. Dalai Lama apoia o Bon e seus
colégios monásticos e quando vai fazer os grandes encontros como o Kalachakra, ele leva os mestres
das cinco linhagens. Eu mesmo assisti aos ensinamentos Bon do chefe da linhagem Bon e tenho
admiração por eles. Há vários mestres budistas que também têm conexão com eles, como Namkhai
Norbu Rinpoche, o que não quer dizer que ele é um praticante Bon, mas é um estudioso dessa
cultura. Ele, por sua vez, considera o Dzogchen independente do Bon e independente do Budismo. O
budismo preserva o Dzogchen, está bem! Sem contradições, Dzogchen é guru ioga, nós focamos a
natureza primordial, só isso! O budismo inteiro é um caminho gradual que nos leva a nos
defrontarmos com a nossa natureza primordial. Não vejo nenhuma contradição, na verdade eu acho
melhor o caminho Mahayana porque ele oferece um caminho gradual. A corda do Dzogchen é muito
curta, não tem como pegá-la. Agora, se jogarmos uma corda longa, ela pode chegar a cada lugar, e
por quê? Por que aí temos a motivação da bodicita para alcançar todos os seres. Mas, se eu tiver a
visão Dzogchen e a aspiração de chegar aos seres, eu gero uma corda longa, que é Mahayana!
Podemos pensar, o Bon é a culminância, mas todos os caminhos têm a sua culminância. Às vezes as
pessoas dizem ser praticantes Dzogchen, mas elas não geraram o Mahayana, e então podem ter
grandes dificuldades de pegar a pontinha da corda. Por quê? Porque elas não têm a estabilidade da
mente, não fizeram shamata, não têm nem como seguir uma instrução elevada. Quando elas param,
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 41 / 43