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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            do samsara. Não há nada que seja concreto no sentido material. Por exemplo, vamos ter experiências
            em que perdemos a sabedoria, aí temos a experiência de materialidade   das coisas. Mas quando
            acessamos a lucidez junto vem a sabedoria do espelho, da coemergência, da prajnaparamita.


            Reconhecemos  o  surgimento  daquilo   a  partir   da   experiência   do   código  fonte   de   alayavijnana.
            Reconhecemos   que   a   estrutura   mental   que   estamos   utilizando   propicia   aquela   experiência   de
            materialidade, de solidez, de tudo que está à nossa frente, e ao mesmo tempo já sabemos como
            dissolver   aquela   aparência   e   como   ajudar   os   outros   diante   daquilo.   No   sétimo   bhumi   ainda
            precisamos acionar isso. No oitavo bhumi isso se torna residente, não desliga mais, para que desligar?
            Esse bhumi é chamado inabalável. A imagem que Chagdud Rinpoche usava para isso era a de mestres
            que são como faróis, incessantemente ligados; serenos, incessantemente lúcidos, derramando a luz e
            ajudando os seres. Isso é maravilhoso! Ele continuava: há outros como eu, que são como vaga-lumes,
            a luz acende de vez em quando... Com certeza não era isso!

            Com isso concluímos a etapa de meditação, o segundo bloco, que nos leva do sexto para o sétimo e
            oitavo bhumis. O primeiro bloco, visão, vai até o final do Caminho Óctuplo.  Depois disso vem a ação
            no mundo, que começa no nono. Neste bloco treinamos a ação no mundo – é assim, o farol está
            parado, não está? Eu movo a luz, mas está parado. No nono bhumi ele começa a andar, o farol
            caminha! Na verdade é quando o Buda se levantou e foi atrás de seus cinco companheiros, e começa
            o período de quarenta e quatro anos em que ele perambula por dentro da Índia e do Nepal. Agora ele
            se move para localizar os obstáculos e ajudar as pessoas. O último bloco é o nono e o décimo bhumis.





            Darmamega


            O décimo é mais profundo ainda, porque no nono o Buda ainda se move, no décimo já está nas
            pessoas. Surge como Darmamega, é como uma nuvem de sabedoria que faz pingar as gotas que têm
            a semente de sabedoria nas mentes das pessoas. Ele não precisa perambular, já é uma boa nuvem
            acima de tudo. Ele chove, uma chuva da boa lei que umedece a semente de sabedoria na mente da
            cada um. É como se o Buda se manifestasse dentro de cada um, sem a necessidade de andar
            fisicamente no mundo. Hoje vemos o Buda como Darmamega. Na época que ele era Tatágata, nono
            bhumi, estava na Índia e no Nepal. Agora que ele é Darmamega está em todos os lugares, por isso há
            tanta proliferação de centros budistas, e esse é o ponto final.

            Nós estamos fazendo alguma coisa no meio disto, que é trabalhar esta etapa da visão. Aqui estamos
            jogando luz nos obstáculos, usando eles como caminho de lucidez. Iremos perceber que esta etapa é
            bem complexa, e vamos usando um método circular. Se fizermos um pouquinho de cada coisa - ou
            seja, fazemos melhor a primeira, fazemos todo o círculo e entendemos melhor a cultura de paz - aos
            poucos, de tanto girar, cada parte vai ficando mais nítida, até mesmo porque não tem como vencer
            cada etapa por completo. Todas elas estão misturadas. Como isso acontece? O Buda primordial
            emana uma forma de qualidade que é ele mesmo, e os humanos dão um nome e se fixam àquilo, mas
            o próprio Buda volta à condição dele.





            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            38 / 43
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