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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
Então, se há devoção está perfeito, mas tem que ter lucidez junto. A devoção nos permite saltos,
avanços, sem dúvida, mas são necessários estudos e análise crítica. Essa é a recomendação de S.S.
Dalai Lama. Para reforçar estes aspectos todos eu proponho a meditação shamata.
Conclusão
A prática dos cinco Diani budas irá nos conduzir a um renascimento melhor. O ponto não é o controle
da mente, o ponto é a mandala. Por outro lado, quando virem seres em reinos inferiores sempre
recitem a prajnaparamita para eles, quando olharem para os animais, insetos, “torcedores do Boca”.
Porque quando olharmos para esses seres mais tarde, será automaticamente com olhos de
compaixão e vendo que eles não estão presos àquilo. Assim também geramos os antídotos para,
quando no meio do sonho da nossa vida ou da nossa morte, olharmos para aquilo e não gerarmos
apego e aversão. Sempre que recitarmos a prajnaparamita olhando para algo, nós ultrapassaremos,
não geraremos esse apego. Essa relação de apego às paisagens e seres é o que nos conduz ao
renascimento naquela forma. Procurem treinar o renascimento nesta vida. Nesta vida estamos
renascendo o tempo todo. Todos nós estamos fora da roda da vida, porque ela é virtual, a realidade
mesmo é Darmata, todas as outras realidades não são realidades, são ondas dentro de um lago, o
lago é a realidade, mas a roda da vida segue girando, os seres é que a giram. O aspecto mais
interessante é que a iluminação não significa a extinção da roda da vida, porque a roda da vida é uma
forma de ver aquilo. Quando surge a compreensão de Samantabadra, a roda da vida inteira é vista
como uma emanação do Buda Primordial. Essa é a compreensão de Vajrasatva, a natural perfeição de
tudo isso. Não importam quais as configurações da roda da vida, ela não pode nos atingir de fato,
nossa natureza não é atingida por ela, só as identidades construídas.
Mas eu gostaria de concluir a descrição do CEBB, estamos trabalhando a visão e o aspecto samapati,
que é o aspecto Mahayana Tantrayana, especialmente em retiros. Temos retiros mais longos para
isso. Trabalhamos com a meditação em silêncio que é a base de tudo. O Buda usou isso, parar e olhar
para dentro. Em outros processos usamos as sadanas, preces e visualizações. Existe agora um
processo em que a pessoa nomeia um tutor e oferece um mínimo de comprometimento, elabora o
seu programa e depois terá que lidar com suas próprias imprecisões e impossibilidades e transforma
isso em caminho samapati, porque precisamos de um “poste” para poder sofrer. Assim é que são
treinados os cavalos: são amarrados a um poste e deixados ali, o dono vai embora, vêm os estímulos
como carro ou pessoa passando, o cavalo se assusta, mas tem uma corda segurando, então ele se
habitua e descobre que a corda é irremovível, não há negociação. Aí sempre que a corda puxar para
lá ou para cá ele irá obedecer. Os tibetanos usam a expressão “to tame the mind” – domesticar ou
domar a mente. Toda vez que a pessoa vai sair daquela posição a “corda” puxa, e ela começa a ter um
mínimo de eixo, assim ela tem uma proposta e onde anotar o que faz. Precisamos gerar meios hábeis
para cumprir algo, até então estávamos num momento caótico!
Para a prática dos cinco Diani budas, S.S. Dalai Lama recomenda o estudo de um por um,
contemplando cada um, depois repetindo o mantra no aspecto de corpo, fala e mente: OM AH HUM -
BENZA – sabedoria do espelho, GURU – sabedoria da igualdade, PEMA – sabedoria discriminativa,
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 40 / 43