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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            nada própria. Há também o vaso cheio, está tão cheio de ideias que não há mais como pôr nada
            dentro. Há também o vaso rachado, que conforme vai ouvindo vai esvaziando e perde tudo. Como
            consertar o vaso? Fazendo práticas.


            Aí   vem   o   bloco   seguinte,   os   ensinamentos   sobre   as   Quatro   Nobres   Verdades.   É   importante
            compreender que estes ensinamentos são como uma terapia, não são ensinamentos sobre a natureza
            última, por enquanto! É um processo, é uma corda. Essa analogia é boa: o Buda segura uma ponta e
            joga aquilo para dentro da experiência cíclica. Nós estamos lá e pegamos. A corda tem que chegar até
            nós, naturalmente essa ponta da corda é contaminada porque ela tem de se fazer palatável dentro do
            mundo contaminado em que estamos. Na nossa visão contaminada uma corda tem que ter aparência
            do mundo, senão não pegamos, e então essa corda vai falar de felicidade. Liberação do sofrimento.
            Raras as pessoas que dizem que isto não lhes interessa, e que querem saber sobre a natureza
            primordial, o ponto último! É raro, mas existem. Aquilo que está além, mas que não sei nem dizer o
            que seria!  Algumas pessoas têm isso como ponto principal, mas de modo geral, os ensinamentos são
            introduzidos desse modo.





            Resumo - os estágios do caminho


            Tudo começa com motivação, aí purificação das ações de corpo, de fala e de mente. Depois vêm as
            ações positivas do bodisatva. Então vem dhyana (shamata pura e impura), samasati (forma correta de
            reconhecer  a  realidade,  é  essencialmente   a  prajnaparamita,   ensinamento  sobre  a  natureza  da
            realidade), samasamadi (compreensão da natureza primordial, esse é o ponto último do caminho).
            Quando chegamos ao final desse caminho, chegamos ao final de um bloco chamado Visão, que
            começa com as Quatro Nobres Verdades e vai até samasamadi, que é a visão espiritual lúcida. Mas
            então descobrimos que estamos ainda na sexta etapa de um caminho de dez etapas dos bodisatvas.
            O sexto estágio é assim: surgiu a visão, mas depois desaparece, não se sabe de onde veio e para onde
            foi. Um raio! Tivemos a experiência, mas não tivemos ainda a capacidade de segurá-la. Aí, no sétimo
            bhumi, conseguimos conectar com ela sempre que quisermos, mas precisamos fazer um treinamento
            para isso. Então temos mais três blocos depois da visão, para treinar o sétimo e oitavo bhumis,
            treinamos a meditação, com abordagem Tantrayana, ou seja, os obstáculos entram na meditação.





            Alayavijnana


            Resumindo,  seria  assim:  estamos dentro de alayavijnana,  numa perspectiva impessoal  ou não-
            pessoal, não estamos mais trabalhando o “eu”, o “outro”. Então percebemos este aspecto: há uma
            natureza livre que se alia a diferentes inteligências e surge uma operação, que se for perpetuada,
            encontraremos elementos para dizer “bom, eu sou isso”, mas aquilo não é propriamente verdade
            porque quando entramos em outras dimensões de alayavijnana manifestamos outras qualidades,
            então aquilo não é.





            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            36 / 43
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