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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
espiritual, ou seja, a fixação a algo, a noção de uma identidade a partir daquilo e também evitar as
comparações e as disputas entre os diferentes métodos. Para compreender essa multiplicidade de
métodos, a melhor forma é entender como surge o caminho gradual a partir da natureza primordial e
as dificuldades que temos em entender a natureza primordial.
Se colocarmos em blocos crescentes, das situações mais afastadas para as mais elevadas,
precisaríamos entender que em primeiro lugar precisaríamos de um bloco que se chama Cultura de
Paz. Se nós individualmente e coletivamente estivermos fazendo ações negativas, ficaremos muito
aflitos e agitados, as ações negativas produzem perturbação. Por exemplo, a situação aqui no Brasil
está quase no limite, por outro lado, há também o crescimento do ambiente como o próprio Darma e
outros ambientes que coletivamente vão surgindo, ambientes de lucidez e objetivos positivos. Isso é
um pouco contraditório, mas precisamos entender que segmentos da população podem ficar
afetados por suas próprias ações negativas e pela qualidade das negatividades onde eles habitam, e
fica praticamente sem sentido qualquer atividade espiritual, deixa de ter sentido a prática espiritual
porque estão constantemente aflitos com alguma coisa. Qualquer pessoa que esteja numa
competição muita intensa não quer perder tempo, ela está utilizando o tempo todo para gerar os
fatores que imagina serem bons para a sua própria vida, e então não tem tempo para nada em
profundidade, respondendo aceleradamente.
Cultura de paz
Nós precisamos de uma cultura de paz, que reduza o movimento da negatividade e promova o
surgimento de coisas positivas. Assim surgirá uma cultura mais favorável onde se observe e se
entenda que, se somos pessoas melhores, isso é melhor para nós e é melhor para todos.
Essencialmente, na cultura de paz é preciso entender que todos buscam a felicidade, e ela é mais fácil
de ser alcançada se trouxermos benefícios a nós mesmos e aos outros, estabelecendo relações
apropriadas com as autoridades e com a natureza também. Se falharmos em alguma dessas direções,
vamos ter problemas, ou com a natureza, ou com as autoridades, com os outros ou com nós mesmos.
Precisamos aprender isto. E qualquer problema desses inviabiliza o nosso andar, qualquer um desses
problemas é sério. A cultura de paz toma como tema transversal de todas as ações a melhoria dessas
relações.
Agora, há parcelas importantes da população que nem ouviriam sobre isso, muito menos agiriam
assim. Nós precisamos de métodos para chegar a essas regiões, às populações que não têm o
interesse de ouvir sobre isso, e talvez nem concentração em suas mentes. Então poderia se
estabelecer uma rede de inter-relações, o budismo estabelece essa rede positiva, esse vínculo. Se
olharem como as atrocidades são cometidas, de modo geral é por pessoas sem vínculos. As pessoas
vão se isolando, estão sem vínculo, depois afundam na negatividade e fazem qualquer coisa de
acordo com sua própria paisagem aflitiva dos infernos. É sempre perigoso se isolar, precisamos
sempre estar numa rede, numa rede positiva. Como este trabalho em grupo que fizemos aqui no
retiro, isso reforça uma rede, uma linguagem, uma forma de olhar. O CEBB trabalha com esse método
e tem produzido resultados visíveis. Dentro disso estão os encontros do budismo e sociedade,
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 34 / 43