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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus





            Perguntas e respostas

            P: Você ajuda mais participando do sofrimento do outro ou não se envolvendo muito?

            R: Simples. É melhor ter uma noção de sabedoria com relação ao sofrimento, se somos envolvidos
            pelo sofrimento não podemos ajudar de fato. Isso não quer dizer ficar insensível, mas olhar aquilo
            com sabedoria.


            P: Qual a sabedoria a ser utilizada quando o outro está fechado, não está aberto à ajuda?

            R: Seria aguardar. Existe uma impermanência natural, a pessoa não consegue se estruturar dentro de
            algo artificial por um longo tempo. Quando aquilo se romper, a pessoa sempre olha em volta para ver
            onde ela pode se apoiar nessa passagem para uma outra situação. Então, se estamos próximos,
            procurando sempre praticar a sabedoria do espelho, entendemos o outro. Com respeito à sabedoria
            de Darmata, ela pode ser entendida como a diversidade e a mutabilidade permanente. Existe algo
            sempre  presente   que  permite  essas  manifestações  variadas  e  a  reconstrução  das  coisas.   Já   a
            sabedoria da causalidade pode ser entendida de forma simples: se faço coisas boas, aquilo resulta em
            algo feliz para mim e para os outros; se faço algo ruim, será ruim para mim e para os outros. Mais
            raro é receber algo negativo e não tomar aquilo como negativo, transformando em algo positivo. Isso
            também é causalidade.   Mais raro ainda na causalidade é nos livrarmos das culpas. Fizemos algo
            negativo e neste caso não estamos ultrapassando a negatividade que vem do outro, mas algo que
            fizemos e estamos tentando tirar de dentro de nós, não tomar como algo pessoal. A culpa pode gerar
            carma negativo. Chagdud Rinpoche dizia que se vier um arrependimento, o único sentido dele é a
            mudança que podemos encaminhar. Mas o arrependimento e a culpa não têm sentido. Podemos
            dizer: aquele que fez não sou eu! Não era de fato. A não ser que agora digamos: sim! Eu estava certo!
            Aí estaremos refazendo aquilo. Mas o que foi feito no passado não fica aderido, temos liberdade.

            P: Como aplicar as sabedorias fora da sanga?

            R: As cinco sabedorias estão sempre residentes nas várias coisas. Pertence à sabedoria discriminativa
            entendermos que não vamos ganhar todos os campeonatos. Tudo existe por um tempo e depois
            cessa. Por exemplo, as nações surgem e cessam, as línguas, as culturas, as nossas vidas também.
            Então é importante entender este aspecto cíclico da realidade, se ficarmos apegados e fixados seja ao
            que for, nós vamos sofrer. Pela sabedoria discriminativa vamos focar as causas, aí temos os 12 elos, o
            entendimento de como essa cadeia se dá. A pessoa pode não se dar conta, mas ela está totalmente
            presa nisso, é o que Alan Wallace vai chamar de dimensões ocultas, é o que rege a nossa vida e não
            estamos sabendo! Aquilo se mexe por dentro de nós e não sabemos. Na história da nossa cultura
            ocidental levamos um tempo grande para descobrir que existia ar, para provar que existiam campos
            elétricos, magnéticos; circulação de sangue dentro do corpo, e assim por diante. Levou um tempo
            para cada uma dessas coisas. Essas seriam as dimensões ocultas, existem muitas outras dimensões
            ocultas, que dizem respeito a nossa própria mente, e que não estamos vendo como estão operando.
            As   cinco   sabedorias   estão   dentro,   são   fatores   que   a   gente   observa.   Elas   estão   operando.   Se
            entendemos, ótimo! Se não entendemos seremos arrastados. É aquilo que Alan Wallace diz, a



            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            30 / 43
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