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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            mundo. Quando nós fazemos algo, isso é positivo. Eu diria que a base da civilização, da humanidade,
            está ligada a isso, a essa nossa capacidade, de um modo ou de outro, há algum momento em que nós
            começamos a nos ajudar uns aos outros. Assim, olhando para trás no tempo, hoje está tudo
            estruturado. Nós estamos aqui, mas tem alguém trabalhando para nos trazer iluminação e as estradas
            seguirem funcionando. É bem complexo, a maior parte de nós trabalha para um bem comum ainda
            que não saiba. Já existe uma inteligência ampla que faz a gente trabalhar pelo salário, que parece
            muito estreito, mas beneficiando de forma direta o conjunto das pessoas. Somos beneficiados por
            inteligências, mesmo quando morremos as inteligências seguem. A cada cem anos todas as pessoas
            morrem, mas as inteligências só crescem, tornando-se mais abrangentes, protetoras. Hoje estamos
            vendo a gripe no México, e vemos que boa parte da defesa se dá em um nível sutil pela internet -
            informações, mostrando as ruas vazias. Isso me lembra a gripe espanhola, meu sogro me contava, ele
            viveu 101 anos. Ele perdeu muitos irmãos em Rio Grande, onde morava. O pai dele veio da Alemanha,
            fundou uma livraria e editora. Então ele presenciou isso – ninguém nas ruas. Quando morria alguém
            eles empurravam até a beira da calçada e passava o caminhão para pegar os defuntos. Quando olho o
            México, lembro disso, espero que não chegue a isso. Mas como as pessoas estão se protegendo hoje,
            pela informação. Na época da gripe espanhola não tinha informação. Há pessoas trabalhando no
            isolamento genético do vírus, trabalhando com vacinas etc.

            Tatata é o aspecto absoluto e o relativo juntos. Se consigo manifestar esse aspecto de entender o
            outro, que é algo relativo, para fazer isso preciso estar livre da minha própria fixação, exercendo uma
            liberdade que é o aspecto absoluto.





            A sabedoria discriminativa

            A sabedoria discriminativa também possui tatata. Todas elas possuem porque é a mente do Buda,
            mas   é   bom   apontarmos   e   vermos.   Essa   sabedoria   é   assim:   nós   olhamos   para   as   coisas   e
            essencialmente   entendemos   as   causas   do   sofrimento,   a   base   da   compreensão   das   causas   do
            sofrimento e como podemos ultrapassar essas causas. Entendemos as causas da felicidade e sabemos
            como encontrá-las. Nesse caso isto significa que entendemos as Quatro Nobres Verdades, o Nobre
            Caminho Óctuplo e os 12 elos. Isso está claro para nós, como as coisas se complicam. A sabedoria
            discriminativa não discrimina de modo causal o que eu penso que vai me proporcionar felicidade. É
            assim, eu entendo o sofrimento, as causas do sofrimento, que o sofrimento não tem base, portanto
            ele pode ser liberado, entendo que há um caminho para isso, que esse caminho tem motivação,
            purificação,   ações   positivas,   meditação,   compreensão   da   vacuidade,   compreensão   da   natureza
            primordial. Entendo que devo estabilizar, entendo estrutura cármica, como superar o carma.

            Tudo isso é sabedoria discriminativa. Entendemos como as pessoas não obterão êxito dentro dos seis
            reinos, sem chance. A única chance de atingir algum resultado definitivo é ultrapassando os seis
            reinos. O aspecto mais sofisticado é utilizar os seis reinos para sair dos seis reinos, não temos muita
            escolha, temos que fazer isso. A grande habilidade é não rejeitar os seis reinos, mas usá-los para que
            possamos impulsionar nossa saída. Porque tem tatata junto: de um lado raciocinamos as coisas, tem
            o aspecto comum, convencional, relativo, por outro lado estamos distantes das coisas, por isso



            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            27 / 43
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