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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            Meios hábeis

            Os meios hábeis são uma forma de dar nascimento positivo às outras pessoas, quando conseguimos
            ver que o outro pode fazer de outro jeito. Em último caso, nos retiramos para que o outro não crie
            mais carma nos agredindo. Mantemos uma luz positiva, porque certamente em volta dele existem
            influências puxando-o para baixo. Se aquela luz estiver se apagando mandamos um torpedo dizendo
            algo positivo. Mesmo as personalidades obsessivas estão no meio do samsara, e isto significa que
            existem muitas conexões, uma dispersão natural na mente. Mesmo assim nós mantemos a abertura.
            Este aspecto obsessivo é dos reinos dos seres famintos.  Um exemplo é que eu ajudava uma pessoa,
            mas ela tinha que fazer algo positivo, como trabalhar numa ONG. Nós temos que estar na mandala.
            Em outro caso pode levar éons. Precisamos dar um tempo para eles. O próprio engano e a loucura
            vão tirar a pessoa de dentro, é daí que vem a força. Não paramos o engano, e pensamos: para cá ou
            para lá? Isso não vai acontecer. Oferecemos a luzinha, o próprio inferno vai fazê-la sair, ela não
            aguenta aquilo. E precisamos de sabedoria para conduzir aquilo, tempo, ação irada. O outro enfrenta
            os resultados de suas ações e dizemos a ele que somos seus aliados, não cortamos, agora com uma
            luz forte.

            Quando estamos no meio de uma crise é por que não estamos sendo capazes de dirigir a própria
            mente. Aí ouvimos algo, mesmo concordando não conseguimos dirigir. Quando recebemos conselhos
            a energia vai baixando e vemos o outro se colocando numa posição superior, e não achamos isso
            aceitável. Além do mais, quando recebemos um conselho não conseguimos exercê-lo e nos sentimos
            inferiorizados. A negatividade se “interdevora”, como aconteceu com os bancos.





            Identidades


            Quando saltamos de uma paisagem para outra nossas identidades ficam na paisagem anterior, nosso
            surgimento   se   dá   junto   com   a   paisagem.   Aí   descobrimos   nossa   natureza   de   vacuidade,   de
            luminosidade, e isso é a característica nossa que já devíamos ter imaginado. Quantas coisas já fomos
            e deixamos de ser? Portanto não éramos aquilo! Vivemos de acordo com as paisagens. Aí surge a
            pergunta: entre uma coisa e outra, algo se preservou? A gente descobre que se preserva a natureza
            primordial que é capaz de construir novas paisagens e suas identidades.

            A prajnaparamita ajuda a entender isso: a vacuidade do eu - visão Theravada, e a vacuidade do eu e
            outro - visão Mahayana. Não só é vazio, mas é algo escondido, é a natureza primordial que não
            aparece, que é capaz de construir as paisagens, identidades, que percebemos aparecer quando as
            coisas se dissolvem. Se isso se dissolve, como eu não me dissolvi? Quando vocês tiverem sido
            abandonados, perderem o emprego, aí dizem: o que ainda existe? Este é um bom ponto. Você
            telefona para os amigos: “Eu não conheço você!” Ainda assim, contemplamos a natureza primordial.
            Agora tenho um lugar especial, e vemos que temos mérito nisso. Os bodisatvas veem o sofrimento
            como ilusório, construído. A natureza primordial é não-construída. Acho maravilhoso que a natureza
            primordial crie o bodisatva como construído dentro do mundo do vírus para contra-atacar o vírus.





            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            23 / 43
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