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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
começaram a ver o Buda e mais duas imagens: uma, de Manjushri; a outra, de Chenrezig, porque o
Buda manifestava essas sabedorias sempre. Uma sabedoria cortante, cortava a ignorância, e outra
compassiva, que acolhia as pessoas sempre de modo amoroso. Depois, com o tempo, passaram a ver
o Buda na forma de cinco imagens, os cinco Diani budas. Ao olharmos os cinco Diani budas vemos que
eles são o próprio Buda, cada um com uma cor diferente, um mudra diferente, significando uma
característica diferente dos ensinamentos. Então quais são essas características?
A sabedoria do espelho
A primeira delas corresponde à sabedoria do espelho. Enquanto digo isso a vocês, localizem dentro se
já não tinham percebido isso, porque essas sabedorias não estão só no Buda, estão em todos nós, de
algum jeito estão lá! A nossa natureza também é a natureza de Buda, então vamos fazer isso aflorar
até o ponto em que decidamos tomar essas sabedorias como base da nossa manifestação. Quando
decidirmos isso, começaremos a olhar tudo em volta com esses olhos, o mundo surgirá diante desses
olhos especiais dos cinco Diani budas, surgirá como uma mandala, não mais como samsara. É dentro
dessa mandala que nós nos protegemos. Quando as coisas acontecerem já estaremos dentro da
mandala. As coisas vêm e só tomamos cuidado para não sermos arrastados para dentro de onde as
coisas são oferecidas. Logo, a sustentação da mandala se torna nossa prática principal, e não algum
ponto específico de mente que tentamos segurar, esquecendo o resto. Para entendermos isso é
preciso fazer um exercício de olhar para tudo a partir de cada sabedoria, primeiro com os olhos da
primeira sabedoria, depois com os olhos da segunda sabedoria... Para isso precisamos praticar a
visão correspondente. Fazendo estas práticas ganhamos estabilidade nessa mandala, nessa visão.
Quando as coisas aparecem temos a sabedoria pronta para olhar para elas, brota a sabedoria
específica, seja o que for, e não os enganos correspondentes aos seis reinos. Em vez de surgirem os
seis reinos, surge sempre a mandala de sabedoria. O processo é sem esforço, pois uma vez que nos
colocamos dentro da mandala, não tem esforço para isso funcionar. Depois vamos ter uma mandala
das cinco sabedorias em conjunto. A sabedoria do espelho tem a compreensão associada à
prajnaparamita. A noção de coemergência é uma chave dentro disso, eu faço surgir um mundo
interno e tem um mundo externo correspondente, as imagens internas e externas não têm
separação. Se eu estou no reino dos infernos tudo parece ruim, se estou no reino dos deuses tudo
parece bom. Tudo surge dentro e fora, simultaneamente, e então a coemergência nos permite
entender com detalhes o outro, porque a forma comum dos seis reinos de entender o outro é a partir
do reino onde nós estamos, a partir da visão que nós temos.
Na sabedoria do espelho nos habilitamos a entender o outro dentro do mundo que ele está
experimentando. Podemos até distinguir o que é a mente de sabedoria e o que é a mente comum. A
mente comum vê os outros seres dentro do seu próprio mundo, no mundo de quem está olhando; a
mente de sabedoria vê o outro no mundo dele, mas já está embutida a noção de vacuidade, aquilo é
a experiência dele, não é fixo. É a experiência do outro, logo isto já está embutido, vê-se o outro com
a natureza livre e pode-se ver de outras formas. Essa é a sabedoria do espelho, e eu vou perguntar a
vocês se já perceberam isso em algum momento. Então vocês vão fazer o mesmo exercício, vamos
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 25 / 43