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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus


            conseguimos raciocinar sobre elas, temos a sabedoria que dissolve os nós, conseguimos ver através
            da vacuidade como aquilo tudo que estamos olhando, que parece sólido, não é sólido, pode ser
            desmanchado, por isso brota toda essa compreensão do sofrimento.


            Então não há o sofrimento, há a vida, não há causa do sofrimento e sim um problema ali, outro aqui,
            não   existe   a   liberação   do   sofrimento,   não   nesse   sentido,   menos   ainda   caminho,   motivação,
            meditação, purificação, tudo isso é sem sentido. Mas aqui, como estamos distanciados, entendemos
            o ponto final, podemos ver  as coisas deste ponto e como podemos traçar uma rota até isso. Essa
            rota, esse diagnóstico, isso é sabedoria discriminativa.


            Aí eu pergunto a vocês: vocês já viram isso?   É a sabedoria, é muito espiritual mesmo, é muito
            budista. Mas outras tradições religiosas devem ter isso também, eu acho. Na sua própria forma têm
            isso. Devemos ver se isso brotou em nós. Eventualmente temos sabedoria do mundo, temos como
            fazer para obter um lugar dentro de tal empresa, ou uma forma de viver, uma certa profissão dentro
            do Rio de Janeiro. Isso não é fácil, é algo discriminativo também, mas não corresponde à sabedoria
            discriminativa nesse sentido. A noção de livre-arbítrio está ligada à base que nos permite surgir como
            o talo, quando estamos com o lodo e as lágrimas, e a água no lago, podemos ser simplesmente
            arrastados por algum dos seis reinos, o livre-arbítrio é olharmos para isso e decidirmos o próprio
            rumo sem sermos arrastados, é alguém vir nos agredir e não precisarmos responder com agressão
            também. Aqui, nesse caso, eu tenho uma liberdade que me permite compreender situações. Isso é
            sabedoria discriminativa – eu sei onde estou, para onde deveria ir e agora entendo como ir. Também
            desenvolvo isso na compreensão das outras pessoas, eu olho para elas e vejo como ajudá-las,
            minimamente que seja, vejo como brota essa sabedoria dentro de nós. É uma lucidez cognitiva.





            A sabedoria da causalidade

            Depois temos a sabedoria da causalidade, que tem três aspectos. O mais importante desses aspectos
            é que não estamos presos à causalidade, é o ponto mais importante, nós não estamos presos nem ao
            carma, de fato. Precisamos entender isso. O aspecto externo da compreensão da sabedoria da
            causalidade é: se fazemos ações positivas, de um modo geral colhemos ações positivas, resultados
            positivos; e se fazemos ações negativas, colhemos resultados negativos, de um modo geral. Eu já digo
            de um modo geral por quê? Porque se alguém fizer uma ação negativa a um bodisatva, ele tem o
            poder de pegar aquilo, sorrir e virar numa ação positiva.  Então não é sempre que as ações negativas
            geram resultados negativos. Em resumo, se forem fazer ações negativas, façam aos bodisatvas, eles já
            saberão resolver – façam assim!

            Então fica a pergunta se já vimos brotar isso em nós - a capacidade de transmutar a negatividade, se
            em algum momento ajudamos alguém que nos respondeu de forma negativa. Na verdade vamos
            refinar a nossa ação. Vamos supor um cachorro atropelado, pomos a mão nele e ele nos morde! Nós
            temos o poder de subverter o próprio carma, se não tivéssemos este poder a liberação seria
            impossível. O carma é uma tendência, não é uma lei, infalível.





            CEBB - Retiro Araras – maio 2009                                                            28 / 43
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