Page 32 - 2010_02_20_Nascendo_no_Lotus_-_Retiro_Araras_Maio_2009
P. 32
Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
de procedimento produz uma cultura de paz entre nós, porque depois de uma conversa dessas entre
vocês, depois de 2 ou 3 dias, é certo que avançamos nesses dias. Se tivéssemos mais tempo,
terminaríamos conhecendo uns aos outros dentro da linguagem do Darma. Quando a linguagem do
Darma penetra, penetra uma cultura de paz junto. Isso não é algo muito difícil, porque essas
sabedorias estão presentes em nós, em nossas vidas, sem saber bem como, nós as usamos. Se
começamos a pensar de uma forma mais estruturada as nossas ligações se tornam muito mais fáceis,
mais facilmente aproveitamos as experiências do cotidiano para ver as nossas fragilidades, onde
começam a operar dentro de nós, e assim vai funcionando. Se olhamos as pessoas que estão muito
mal em outros lugares, elas não têm vínculos, quando têm vínculos é através de reinos inferiores.
Então é necessário que alcancemos as pessoas todas desse modo, uma a uma. Mas isso pode ser até
rápido! Ao mesmo tempo, aqui estamos trabalhando individualidades e estamos trabalhando grupo.
P: Como alcançar naturalmente e manter a sabedoria discriminativa?
R: O aspecto da sabedoria primordial está ligado ao exemplo do lenço e dos nós atados, as
complicações são nós atados, não são nós cósmicos. Essa é uma diferença filosófica de grande
importância! Na visão de Hermes Trismegisto, que vai gerar a ciência, buscamos os nós cósmicos,
acreditamos em nós cósmicos! Aí não seriam nós cósmicos, seriam realidades desde sempre, leis
universais, alguma coisa fixa. No budismo vamos trabalhar com a noção de vacuidade como princípio
gerador de tudo, viva, dinâmica, não está no passado, está no presente, uma vacuidade luminosa.
Essa é uma base filosófica completamente diferente, que irá surgir como paisagem a partir da
meditação, como uma mandala. Olhamos as coisas e sempre vamos perguntar como aquilo surge. A
sabedoria discriminativa brota nesse ponto, ver como aquilo surge dentro da própria vacuidade, aí
descrevemos e dissolvemos a coisa. É uma sabedoria que está ligada a um surgimento não-causal, vai
reduzindo aquilo aos aspectos não-causais, ao aspecto de liberdade que nos ajuda a produzir estas
coisas. Esta sabedoria ajuda a compreender os aspectos não-causais. Cada um dos 12 elos serve de
base para o outro, mas não de causa determinante para o seguinte. A sabedoria da causalidade
dissolve as construções. Para nós, basta manter o reconhecimento das cinco sabedorias, da mandala,
não vamos manter um voto, e sim nos manter na mandala onde aquilo brota naturalmente diante dos
nossos olhos. É como uma criança brincando livre, é sem esforço. Agora nós estamos analisando, esta
é apenas a porta de entrada. O Buda explica, quando localizamos o nó, como fazer para desatá-lo.
Estuda-se como ele foi atado e usa-se o processo inverso, esse é um meio hábil para desatar o laço,
que corresponde aos oito passos do Nobre Caminho e à motivação, que estão encadeados
exatamente para isso.
Domingo - 03 de maio
O Darma
O que temos que entender é exatamente o que expliquei quando começamos esse encontro: o
Darma brota da natureza primordial como a sabedoria de desatar os laços que foram atados; mas
uma vez desatados os laços, o Darma, como esse conjunto de meios hábeis para desatar os nós, ele
também é desatado junto. Ele é visto como um remédio, uma farmácia, onde não temos nenhuma
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 32 / 43