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Lama Padma Samten – Nascendo no Lótus
budismo e saúde etc. Todas as ações são feitas a partir de diálogos, seguidos de ações concretas no
CEBB Caminho do Meio. Nós fundamos escolas, tem um trabalho de agricultura, vamos incorporando
todas as ações. Tudo isso diz respeito à cultura de paz, mas concluímos que deveríamos ter uma
postura melhor. Descobrimos que ainda que tenhamos boas intenções, não é uma coisa fácil, e aí
começa o caminho espiritual. Depois da cultura de paz surge o caminho espiritual, porque
descobrimos que o problema não é tanto a receita, mas como efetivamente podemos dirigir o nosso
comportamento em paisagem, mente, energia e corpo, de acordo com aquilo que nós mesmos
achamos adequados. Descobrimos esta contradição: temos a receita, mas não conseguimos colocar
em prática a receita que é nossa! Vemos as contradições.
Os próximos passos
Então tomamos contato com os ensinamentos: os quatro pensamentos que transformam a mente.
Entendemos que deveríamos segui-los e somos apresentados à noção de que há uma conspiração
aquariana positiva. E no meio disso há muitas pessoas, para não deixar somente no âmbito dos
encarnados, todos em qualquer dimensão, em qualquer corpo, voltados a produzir benefícios. É como
se fôssemos adolescentes, e há um conjunto de pais olhando, e fazemos as coisas inconscientes, mas
protegidos, sem perceber. Este é o primeiro ponto que deveríamos entender. O segundo ponto é que
os grandes mestres vieram e deram ensinamentos, eles poderiam ter desistido, mas eles vieram,
perduraram os ensinamentos e podemos aproveitar isso. Nós temos condições de saúde, mobilidade,
podemos aproveitar isso, temos méritos para ouvir e praticá-los. É como se essa conspiração tivesse
chegado até nos, é melhor não perder tempo! Até mesmo porque existe a impermanência, todas
essas circunstâncias são transitórias, o planeta pode explodir, é uma impermanência macro. Depois,
todos deveríamos entender, de forma mais dura, que todos temos acesso a estruturas cármicas de
nível primário. Elas estão ocultas, quietas, mas repentinamente, quando as condições permitem, elas
vêm e não temos controle. Colhemos sofrimento que teremos que consertar. Todos têm essas
fragilidades. Aí entendemos que urgentemente precisaríamos tomar refúgio nos ensinamentos mais
elevados. Até diria que, por enquanto, nem é budismo ainda, porque é o mesmo raciocínio que pode
ser aplicado em qualquer tradição religiosa, até decidirmos tomar refúgio nos ensinamentos mais
elevados. No budismo tomamos refúgio no Buda, entendemos Buda, Darma e sanga, que são as Três
Joias, depois entendemos as Três Raízes, Lama, yidam e dakini. Mas, essencialmente, tomamos
refúgio nas Três Joias. Todas as linhagens budistas tomam refúgio nas Três Joias, até mesmo os Bonpo
do Tibete. Quando tomamos refúgio, aprendemos como aproveitar o refúgio, ouvimos os
ensinamentos.
Os exemplos dos vasos e a “corda” do Buda
Para entendermos os ensinamentos, ouvimos o exemplo do vaso: com o vaso emborcado não
conseguimos ouvir; e com o vaso contaminado temos uma secreta aspiração pelo samsara,
aproveitamos o Darma fazendo uma mistura com essa aspiração secreta, e aí surge uma outra coisa
CEBB - Retiro Araras – maio 2009 35 / 43