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P aquele que a oferece, e essa relação, se bem conduzida, contribui poderosamente
P
para a cura.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A terapia é mais do que um processo; é
um relacionamento.
JESUS, O TERAPEUTA
"Amai uns aos outros."
João 15:17
Quando Sheila compareceu à primeira sessão, anunciou que eu era seu sétimo
terapeuta e que já conhecia seu diagnóstico.
- Tenho um distúrbio de personalidade limítrofe. É claro que você sabe que não
existe cura para o meu caso - declarou ela.
Nada causa mais medo no coração de um terapeuta do que o termo "limítrofe", de
modo que lhe dei total atenção.
- E como você chegou a essa conclusão? - perguntei.
- Minha última terapeuta deixou isso bem claro. Espero que você seja capaz de lidar
com esse problema, porque preciso de alguém que saiba o que está fazendo - disse
ela num tom hostil.
Logo se tornou visível que a terapeuta anterior a havia rotulado de "limítrofe" por
causa dos seus relacionamentos intensos e instáveis, dos acessos de raiva e do seu
medo sufocante de ser abandonada. De fato seus sintomas podiam levar a esse
diagnóstico, que é um distúrbio difícil de ser tratado, pois os terapeutas sofrem
agressões intensas dos pacientes durante o tratamento.
À medida que o tempo foi passando, ficou óbvio que Sheila receava muito que eu a
rejeitasse, e por isso se empenhava desesperadamente para que eu a levasse a
sério e me envolvesse com seu tratamento. As ameaças de suicídio, os telefonemas
de emergência às três horas da manhã, as ligações sexuais com desconhecidos e
as violentas explosões emocionais no meu consultório tinham a intenção de
intensificar o nosso relacionamento, porque ela vivia sob a constante ameaça de que
ele poderia terminar a qualquer momento.
Pude perceber que diagnosticar Sheila como um caso de "distúrbio de personalidade
limítrofe" havia se tornado parte do problema. Se ambos estávamos esperando que
Sheila agisse de um modo agressivo devido à sua deficiência, seria este o
comportamento que ela manifestaria. Sheila não estava sofrendo de uma raiva
patológica inata que a forçava à autodestruição; era uma pessoa que estava de-
sesperadamente tentando salvar a si mesma e o seu relacionamento comigo. Ela
não estava tentando ser destrutiva, assim como a pessoa que está se afogando não
está tentando matar aquele que vem em seu socorro. O salva-vidas experiente sabe
que as pessoas fazem qualquer coisa para se salvar, até mesmo arrastar o salva-
vidas para o fundo. Pessoas desesperadas fazem coisas desesperadas.
Assim que percebi que Sheila não estava lutando comigo, mas lutando para salvar a
si mesma no nosso relacionamento, as lutas de poder entre nós começaram a