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P                  JESUS CONSIDERAVA AS PESSOAS ESSENCIALMENTE MÁS?
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                  "Descia um homem de Jerusalém a Jericó. Pelo caminho caiu em poder de ladrões.”
                                                        (Lucas 10:30)

                  Jesus estava familiarizado com as escrituras judaicas que falavam da profunda
                  decepção de Deus com a raça humana e de como ele destruiu o planeta com um
                  grande dilúvio.  2   Se Jesus concluiu, a partir dessa história, que somos
                  fundamentalmente maus, então nossa natureza é ser como os ladrões da parábola
                  do bom samaritano. Nós nos apossaríamos do que pertence aos outros e não os
                  respeitaríamos, porque o importante neste mundo seria a sobrevivência do mais
                  forte e faria parte da nossa natureza cuidar primeiro de nós mesmos, ainda que em
                  prejuízo dos outros. A partir dessa perspectiva, sem alguma forma de religião ou de
                  freio, todos nos mostraríamos nocivos e destrutivos.
                  Martin veio fazer terapia porque sua mulher disse que pediria o divórcio se ele não
                  procurasse ajuda profissional. Ela havia descoberto não apenas que ele estava
                  tendo um caso com outra mulher, como também que o problema dele com as drogas
                  era muito mais grave do que ele deixara transparecer. Martin era freqüentemente
                  desonesto com a mulher, e ela estava chegando à conclusão de que nem mesmo
                  conhecia o homem com quem tinha se casado. Ele estava envolvido cm uma série
                  de atividades ilegais que escondera da esposa e            não queria que um divórcio
                  complicado o   deixasse exposto. Martin às vezes ficava ansioso, com medo de ser
                  apanhado por causa das suas más ações, mas nunca se sentia culpado por praticá-
                  las. Até onde eu conseguia perceber, Martin parecia ser uma pessoa genuinamente
                  má, mesmo que ele não pensasse dessa maneira.
                  Martin é  o ladrão da parábola do bom samaritano. Ele rouba dos outros e depois
                  dissipa o  produto do seu roubo, o que o leva a roubar de novo. Existem pessoas
                  más na vida que violam os outros e os deixam debilitados e destruídos. A tragédia é
                  que cada vez que Martin comete um abuso contra alguém, ele fere a si mesmo, o
                  que faz com que ele queira aproveitar-se novamente de alguém. Nua falta de
                  compaixão pelos outros criou um muro ao redor do seu coração que o afasta da sua
                  condição humana. Martin está preso em um ciclo vicioso de abuso contra as outras
                  pessoas. É justamente por não se dar conta da própria maldade que ele continua a
                  agir maldosamente.
                  Jesus sabia que de    nada adianta colocar os ladrões diante da própria imoralidade.
                  Eles geralmente nos dizem o que queremos ouvir. Algumas pessoas como Martin
                  são capazes de mudar, mas só em circunstâncias extremas. Não sei o que teria
                  acontecido se Martin tivesse permanecido na         terapia e eu tivesse sido capaz de
                  desenvolver com ele um relacionamento significativo o bastante para que ele fizesse
                  um exame honesto de si mesmo. Naquelas circunstâncias, ele continuou a ter um
                  mau comportamento porque não considerava ninguém suficientemente importante
                  para fazê-lo agir de outra maneira. A mulher de Martin de fato pediu o divórcio e não
                  sei onde ele está hoje, mas não deve ser em um lugar muito bom.
                  Na parábola do bom samaritano, o ladrão era definitivamente uma pessoa má, mas
                  Jesus não se concentrou nele. Ele não estava interessado em definir a natureza
                  humana como má, mas em nos oferecer um modelo de como sermos bons. Jesus
                  ligava-se constantemente a      pessoas que podiam ser consideradas "más" pelos
                  outros, como a    mulher adúltera, mas ele não os encarava dessa maneira. Ele via
                  todas as pessoas como capazes de ser boas e nunca as discriminava. Jesus pro-
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