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P         —Meus pais estão juntos há cinqüenta anos, o que é mais tempo do que eu vejo na
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                  maioria dos casais — proclamou Miguel. — O que há de errado em tentar seguir o
                  exemplo deles?
                  —Você está se esquecendo dos problemas que havia quando você morava com
                  eles, Miguel - retrucou Adrienne. —Tudo não era tão perfeito na sua família.
                  Depois de algumas sessões, Miguel admitiu que, embora respeitasse o                    pai,
                  reconhecia que fora importante rebelar-se contra o poder que ele exercia na família.
                  "De fato, ele era duro comigo. Mas aquela era a única maneira de me fazer
                  aprender", insistiu ele. O pai de Miguel era partidário do castigo corporal e
                  freqüentemente batia no filho com um cinto. A triste conseqüência que essa atitude
                  teve em Miguel foi fazer com que ele tirasse uma conclusão inconsciente a respeito
                  da autoridade de um pai: para que um homem seja respeitado em casa, ele precisa
                  ser temido pelas pessoas que vivem com ele.
                  Miguel estava seguindo o exemplo autoritário do pai, sem se dar conta de que odiara
                  viver daquela maneira. Sem perceber, Miguel tinha medo de perder o respeito da
                  mulher e dos filhos caso não adotasse uma postura dominadora com relação a eles.
                  Inconscientemente, o respeito e o medo confundiram-se, o que o levou a acreditar
                  que precisava dominar os membros da família para não ser um fracasso como
                  marido e pai.
                  Miguel está começando a aceitar que as tradições que estava tentando seguir
                  tinham origem em fatos do passado que o         fizeram sofrer. Ele consegue ver agora
                  que a imposição de seu ponto de vista sobre a maneira como a família tinha que ser
                  administrada não dava espaço para o modo como Adrienne pensava e lidava com os
                  filhos. Percebeu o preço que todos eles estavam pagando por isso. Miguel já não
                  vive mais seu papel de pai e marido baseado no medo, e Adrienne finalmente está
                  começando a sentir que a sua opinião é respeitada. Miguel precisava compreender
                  que seguir inconscientemente as tradições pode ser perigoso, e a percepção de que
                  estava preso a crenças geradas pelas experiências de infância o está ajudando a
                  libertar-se.
                  Somos criaturas de       hábitos. Encontramos segurança nas nossas rotinas e
                  identidade nas nossas tradições. Alguns hábitos são bons e Jesus recomendou que
                  seguíssemos certas tradições para nos relacionarmos melhor uns com os outros e
                  com Deus. Ele sabia que precisamos de gestos concretos para expressar o amor
                  nos nossos relacionamentos.
                  O problema surge quando ficamos presos inconscientemente aos hábitos, porque
                  esta atitude nos faz repetir atividades do passado sem que nos apercebamos disso.
                  Jesus não queria que as pessoas seguissem hábitos e tradições sem estar
                  conscientes das razões pelas quais faziam assim. Seguir tradições pode ser
                  benéfico, mas aderir inconscientemente a elas pode trazer prejuízos.
                  Jesus nos disse que tomássemos cuidado ao nos prendermos às tradições, não por
                  elas serem más, mas porque com freqüência as repetimos inconscientemente. A
                  questão não é se temos ou não tradições familiares e sim por que as temos. Se as
                  nossas tradições são fator de crescimento para a nossa família, elas são boas, mas,
                  se acontece o contrário, precisamos prestar atenção à advertência de Jesus.



                      PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os hábitos fundamentados no medo corrompem as
                                              tradições baseadas no respeito.
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