Page 75 - O vilarejo das flores
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embriagado. Omar, nos momentos de lucidez chorava a morte da
esposa e a distância dos filhos, mas voltava a beber.
Numa tarde, Francis voltava para casa quando se deparou
com o pai na porta.
—Quer dizer que você está ficando endinheirado? Comprou animais
e até uma casa? – disse Omar bêbado.
—Isso não é da sua conta! - disse Francis áspero.
—É da minha conta sim, eu sou seu pai e você me deve satisfação. –
falou Omar segurando Francis
—Te devo satisfação?- perguntou Francis alterando o tom de voz e
dando um empurrão no pai. - Não te devo nada! Você é uma negação
como pai. Um ser medíocre! Um imprestável sanguessuga...
Nesse momento Francis sentiu seu rosto queimar. Omar tinha dado
um tapa em seu rosto.
—Respeite-me moleque! Você não seria nada sem mim!
Francis sentiu a raiva crescer e partiu para cima do pai com
socos. Os irmãos correram para apartar a briga. Conseguiram tirar
Francis de cima do pai que esbravejava:
—Você nunca mais vai ver um níquel meu. Por mim pode morrer!
Esbravejava Francis.
Nenhum dos irmãos ajudou ao pai. Entraram e deixaram-no
caído no chão.
—Ingratos!- berrava Omar – Vão se arrepender de me tratarem
assim!
Omar ficou caído no chão e de tão embriagado acabou
pegando no sono. Durante seu sono perturbado, teve uma visão de
alguém se aproximando. Sentiu uma mão em seu rosto e ao abrir os
olhos deparou-se com sua finada esposa.
—Querido..- disse ela em tom brando e carinhoso- levante-se,
reaja! Este não é você. Agindo assim você só alimenta esses espíritos
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