Page 70 - O vilarejo das flores
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Bibiana não era má. As circunstâncias de sua vida e criação
cegaram-na por muitos anos. Sua mãe, Daélia casou por interesse
e sempre teve muito preconceito com as pessoas que não tinham
situação. Seu pai, Gregor, não parava em casa, e só vivia para o
trabalho. Na vida deles não tinha amor, só aparências. Daélia era
uma mulher que esbanjava sua riqueza e só tinha amizades por
interesse ou como meio de se projetar.
Passou isso para sua filha que começou sua amizade com
Aimeé com intuito de ser popular. Porém, tudo o que conseguiu foi
ser conhecida como uma menina arrogante. Bibiana nem percebia
que sentia uma ponta de inveja de Aimée. Além dela ter pais
maravilhosos, agora tinha um homem que a amava. “E eu?” Pensava
consigo.
No verão passado, Bibiana conheceu um rapaz que
trabalhava junto com o pai de Sancler. Tulio era de origem cigana e
estava em um acampamento perto do vilarejo. Eles se apaixonaram
no momento que seus olhares se cruzaram. Passaram o verão
namorando escondidos. No final do verão os ciganos começaram a
levantar acampamento, mas Tulio disse à família que queria ficar. A
mãe exigiu do filho um motivo forte pela sua decisão e foi então que
descobriu sobre o envolvimento dos dois.
A mãe lembrou ao filho que àquele que se envolver com
alguém que não seja cigano, será um renegado. Disse também que
a família da moça não o aceitaria. Caso isso acontecesse, ele não
poderia voltar ao clã. Por isso ela exigiu que o rapaz escolhesse a
família ou a moça. Tulio desesperado e vendo que estragaria a vida
de Bibiana, resolveu seguir a família e sumiu sem dar explicações.
O desaparecimento de Tulio gerou uma série de boatos no vilarejo,
a maioria oriunda da mãe de Sancler. Um deles dizia que Tulio teve
que fugir, pois havia engravidado uma garota do vilarejo da Colina.
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