Page 65 - O vilarejo das flores
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distanciamento de muitos amigos, até de Bibiana. Só Aimeé ficou ao
seu lado.
Francis ficou enciumado com as atitudes de Aimeé com
Sancler, mas percebeu que era apenas uma amizade muito grande.
Ela ia vê-lo todos os dias. Levava bolo, pães, biscoitos, frutas.
Falava de fé, de acreditar. No começo foi difícil para Sancler, ainda
mais com uma mãe daquelas, mas a ajuda de Aimeé tornou tudo
mais fácil.
Ketelijn saía as ruas e tentava lamentar-se com os antigos
amigos, mas ninguém lhe dava ouvidos e quando percebeu que
estava sendo excluída do grupo caiu em depressão. Não aceitou a
falência e muito menos a ideia de cortar gastos, teve sempre tudo
na hora que queria e quando queria. Depois de amargar três dias
na cama sem receber atenção alguma de Sancler, resolveu sair do
quarto. Desceu as escadas e deparou-se com o filho e Aimeé na sala
rindo.
—Do que vocês estão rindo? - esbravejou ela- Estamos pobres e vocês
rindo? Devia estar fazendo alguma coisa para nos tirar da pobreza!
—Mãe...- apaziguou Sancler – Nada posso fazer. Estamos quebrados.
Papai foi embora com uma dívida que só vendendo esta casa
poderemos pagar.
—Vender esta casa? - disse histérica – Está louco Sancler! Nunca
venderemos esta casa. Você poderia se casar. Aimeé? – disse Ketelijn
mudando o tom de voz para algo mais amigável- Você, pelo que eu
sei, não tem pretendente..
—Mãe!- gritou Sancler – Não tem vergonha do que está fazendo?
Aimeé é minha amiga e jamais a usaria deste jeito. Estamos sem
dinheiro sim, mas nunca sem honra!
Ketelijn caiu no sofá chorando e se desculpando. Sancler fez
sinal para Aimeé segui-lo.
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