Page 63 - O vilarejo das flores
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pensou que fosse alguma das ricaças que queriam favores dele. Ele
sempre fugiu delas e nunca cedeu a nenhuma. Muitas mulheres lhe
ofereciam dinheiro, casas e uma vida boa em troca de alguns favores
íntimos. Mas isso nunca lhe encheu os olhos. Por curiosidade, abriu
a carta num intervalo e descobriu maravilhado que era de Aimeé.
Na carta ela dizia que não poderia vê-lo naquele dia, mas que
a esperasse no dia seguinte no mesmo horário. Francis ficou tão feliz
que conseguiu vender toda sua mercadoria.
O verão estava com força total e Aimeé e Francis aproveitavam
cada segundo juntos. Como estava ocupada em ambos os lados: pelas
tarefas e com os encontros com Francis, Aimeé nem se deu conta dos
amigos.
Foi nesse período que a mãe de Sancler, Ketelijn, ficou
histérica, porque soube que os negócios da família não iam bem.
Manfred estava endividado e o dinheiro mal dava para pagar as
contas, que dirá cobrir os gastos da mãe. Os cobradores viviam na
porta deles ameaçando tirar-lhes a casa.
Sancler para ajudar o pai, pediu para trabalhar na feira.
Ketelijin quase infartou de cólera:
—Trabalhar na feira? Àquele lugar é para pobres trabalharem! Você
vem de berço de ouro! Será uma vergonha, uma humilhação!- disse
aos berros – E o senhor?- bradou ela direcionando a raiva para o
marido – trate de resolver esta situação! Não pense que vou aceitar
isso! Peça mais empréstimos.
Manfred, incapaz de contrariar a mulher, abaixou a cabeça e
retirou-se. Na direção da padaria, avistou dois homens esperando na
porta do estabelecimento, que vieram abordá-lo:
—Boa tarde! Esta notificação é para o senhor.
Manfred abriu o envelope com as mãos trêmulas. No papel
dizia: “Ordem de despejo” .
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