Page 104 - Fortaleza Digital
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- Mas... CLIQUE.
      Becker xingou em voz baixa e colocou o telefone de volta no gancho. Tinha
      certeza de que Cloucharde dissera que o alemão tinha contratado a garota para
      todo o fim de semana.
      Becker saiu da cabine telefônica na esquina da Calle Salado com Avenida
      Assunción. Apesar do trânsito, o aroma doce das laranjas de Sevilha estava no ar.
      Era início de noite - a hora mais romântica. Pensou em Susan. As palavras de
      Strathmore invadiram sua cabeça: Encontre o anel. Becker jogou-se, cansado e
      desanimado, em um banco e pensou sobre seu próximo movimento.
      Que movimento?
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      CAPÍTULO 25
      Dentro da Clínica de Salud Pública, o horário de visitas havia terminado. As luzes
      do ginásio foram desligadas. Pierre Cloucharde estava mergulhado em sono
      profundo. Não percebeu a figura que se curvou sobre ele. A agulha de uma
      seringa reluziu brevemente, antes de desaparecer dentro do tubo intravenoso
      colocado no pulso de Cloucharde. A seringa continha 30 centímetros cúbicos de
      fluido de limpeza roubado do carrinho de um servente. Um polegar forte
      empurrou o êmbolo para baixo, jogando o líquido azulado para dentro das veias
      do velho.
      Cloucharde acordou por um breve momento. Teria gritado de dor se não
      houvesse alguém tapando sua boca. Ele estava preso em seu leito, imobilizado
      por um peso aparentemente infinito. Podia sentir um ardor subindo ao longo de
      seu braço, produzindo uma dor insuportável, espalhando-se pelo peito e, em
      seguida, como um milhão de fragmentos de vidro, atingindo seu cérebro.
      Cloucharde viu um flash brilhante de luz - e depois mais nada.
      O visitante soltou-o e olhou, na escuridão, para o nome escrito no prontuário
      afixado ao leito da cama. Depois sumiu silenciosamente. Na rua, o homem com
      óculos de armação de metal colocou a mão num pequeno dispositivo retangular,
      do tamanho de um cartão de crédito, que carregava em seu cinto. Era o protótipo
      de um novo computador Monocle. Desenvolvido pela Marinha americana para
      ajudar técnicos a registrar dados importantes no espaço apertado dos submarinos,
      o computador em miniatura unia os últimos avanços da microtecnologia e um
      modem celular. Seu monitor visual era uma tela de cristal líquido, colocada
      diretamente na lente esquerda de seus óculos. O Monocle pertencia a uma nova
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