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Quatro anos antes, num esforço coordenado para criar um único padrão de
      encriptação por chave pública, o Congresso norte-americano havia atribuído aos
      melhores matemáticos da nação - os da NSA - a tarefa de escrever um novo
      superalgoritmo. O plano era que o Congresso criasse uma lei que tornasse esse
      algo ritmo um padrão nacional, aliviando, dessa forma, os problemas de
      incompatibilidade que as corporações estavam enfrentando por usarem
      diferentes algoritmos. Claro que pedir à NSA que ajudasse a melhorar a
      encriptação por chave pública era mais ou menos o mesmo que pedir a um
      condenado para construir a própria forca. O TRANSLTR ainda não havia sido
      concebido, e um padrão de encriptação iria apenas difundir o uso de mensagens
      codificadas, tornando assim o difícil trabalho da NSA ainda mais difícil.
      A EFF percebeu esse conflito de interesses e fez um forte lobby dizendo que a
      NSA iria criar um algoritmo de qualidade inferior, ou seja: algo que ela pudesse
      quebrar com alguma facilidade. Em resposta, o Congresso anunciou que, quando
      o algo ritmo da NSA estivesse pronto, 104
      a fórmula seria publicada para ser examinada por outros matemáticos no mundo
      inteiro, a fim de assegurar sua qualidade. Com natural relutância, a equipe de
      Critptografia da NSA, liderada pelo comandante Strathmore, criou um algo ritmo
      batizado de Skipjack, que foi apresentado ao Congresso para aprovação.
      Matemáticos de todo o mundo testaram o algoritmo e se declararam
      unanimemente impressionados. Relataram que era poderoso, irrepreensível, e
      que seria um padrão de encriptação formidável. No entanto, três dias antes de o
      Congresso votar a aprovação quase certa do Skipjack, um jovem programador
      trabalhando nos Bell Laboratories, chamado Greg Rale, chocou o mundo ao
      anunciar que havia descoberto uma back door escondida no algo ritmo.
      A back door era constituída por algumas linhas astuciosas de código que o
      comandante Strathmore havia inserido no algoritmo. O acesso oculto foi criado
      de uma forma tão sutil que ninguém, exceto Greg Hale, havia sido capaz de
      perceber. O acréscimo feito por Strathmore significava, na prática, que qualquer
      código escrito usando-se o Skipjack poderia ser decifrado por meio de :;ma senha
      secreta conhecida apenas pela NSA. Strathmore chegou bem perto de
      transformar a proposta para um padrão de encriptação nacional no maior golpe
      que a inteligência da NSA já havia perpetrado. A agência teria a chavemestra
      para qualquer código escrito nos Estados Unidos.
      A comunidade de informática ficou furiosa. A EFF caiu sobre o escândalo como
      uma águia, criticando severamente o Congresso por sua ingenuidade e
      proclamando que a NSA era a maior ameaça ao mundo livre desde Hitler. O
      padrão de encriptação estava morto e enterrado. Não foi uma surpresa muito
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