Page 99 - Fortaleza Digital
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Quatro anos antes, num esforço coordenado para criar um único padrão de
encriptação por chave pública, o Congresso norte-americano havia atribuído aos
melhores matemáticos da nação - os da NSA - a tarefa de escrever um novo
superalgoritmo. O plano era que o Congresso criasse uma lei que tornasse esse
algo ritmo um padrão nacional, aliviando, dessa forma, os problemas de
incompatibilidade que as corporações estavam enfrentando por usarem
diferentes algoritmos. Claro que pedir à NSA que ajudasse a melhorar a
encriptação por chave pública era mais ou menos o mesmo que pedir a um
condenado para construir a própria forca. O TRANSLTR ainda não havia sido
concebido, e um padrão de encriptação iria apenas difundir o uso de mensagens
codificadas, tornando assim o difícil trabalho da NSA ainda mais difícil.
A EFF percebeu esse conflito de interesses e fez um forte lobby dizendo que a
NSA iria criar um algoritmo de qualidade inferior, ou seja: algo que ela pudesse
quebrar com alguma facilidade. Em resposta, o Congresso anunciou que, quando
o algo ritmo da NSA estivesse pronto, 104
a fórmula seria publicada para ser examinada por outros matemáticos no mundo
inteiro, a fim de assegurar sua qualidade. Com natural relutância, a equipe de
Critptografia da NSA, liderada pelo comandante Strathmore, criou um algo ritmo
batizado de Skipjack, que foi apresentado ao Congresso para aprovação.
Matemáticos de todo o mundo testaram o algoritmo e se declararam
unanimemente impressionados. Relataram que era poderoso, irrepreensível, e
que seria um padrão de encriptação formidável. No entanto, três dias antes de o
Congresso votar a aprovação quase certa do Skipjack, um jovem programador
trabalhando nos Bell Laboratories, chamado Greg Rale, chocou o mundo ao
anunciar que havia descoberto uma back door escondida no algo ritmo.
A back door era constituída por algumas linhas astuciosas de código que o
comandante Strathmore havia inserido no algoritmo. O acesso oculto foi criado
de uma forma tão sutil que ninguém, exceto Greg Hale, havia sido capaz de
perceber. O acréscimo feito por Strathmore significava, na prática, que qualquer
código escrito usando-se o Skipjack poderia ser decifrado por meio de :;ma senha
secreta conhecida apenas pela NSA. Strathmore chegou bem perto de
transformar a proposta para um padrão de encriptação nacional no maior golpe
que a inteligência da NSA já havia perpetrado. A agência teria a chavemestra
para qualquer código escrito nos Estados Unidos.
A comunidade de informática ficou furiosa. A EFF caiu sobre o escândalo como
uma águia, criticando severamente o Congresso por sua ingenuidade e
proclamando que a NSA era a maior ameaça ao mundo livre desde Hitler. O
padrão de encriptação estava morto e enterrado. Não foi uma surpresa muito