Page 136 - Fortaleza Digital
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- Tentei vendê-lo, mas a garota não tinha dinheiro. Acabei dando o anel para ela.
Claro que, se soubesse de sua generosa oferta, eu o teria guardado para você.
- Por que você saiu do parque? - perguntou Becker. - Uma pessoa tinha morrido.
Por que você não esperou pela polícia para entregar o anel para eles?
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- Há muitas coisas que desejo, senhor Becker, mas problemas não estão em
minha lista. Além disso, aquele velho parecia ter total controle da situação.
- O canadense?
- Sim. Ele chamou a ambulância, então decidimos partir. Não vi motivos para
me envolver ou deixar que meu cliente se visse envolvido com a polícia.
Becker continuava aturdido. Ainda tentava digerir essa inesperada virada do
destino. Ela deu o maldito anel!
- Tentei ajudar o homem que estava morrendo - explicou Rodo. - Mas ele não
parecia querer ajuda. Começou com essa história do anel, não parava de
empurrá-lo em nossas caras. Seus dedos eram deformados, e ele ficava
apontando para cima. Estendia sua mão em nossa direção, para que pegássemos
o anel.
Eu não queria, mas meu amigo aqui finalmente o pegou. Depois o sujeito
morreu.
- E você tentou uma massagem cardíaca? - perguntou Becker.
- Não. Ninguém tocou nele. Meu amigo ficou assustado. Ele é grande, mas
covarde. - Ela sorriu de forma sedutora para Becker. - Não se preocupe, ele não
fala .uma palavra de espanhol. Becker contraiu o rosto. Continuava intrigado com
a mancha azulada que havia visto no peito de Tankado.
- Os para-médicos tentaram uma ressuscitação?
- Não tenho idéia. Como acabei de dizer, saímos antes que chegassem.
- Você quer dizer: saíram após roubar o anel-disse Becker, com desdém. Rodo
olhou para ele, quase ofendida.
- Não roubamos o anel. O homem estava morrendo. Suas intenções eram claras.
Atendemos seu último desejo.