Page 190 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Sra. Castor, ao gigante Rumbacatamau, aos leopardos, aos centauros bons,
                  aos bons anões e ao leão.

                         À  noite,  houve  grande  festa  em  Cair  Paravel.  O  ouro  reluzia  e  o
                  vinho corria. A música do mar era como um eco à música da festa, porém
                  mais doce e penetrante.

                         Justamente quando a alegria estava no auge, Aslam desapareceu sem
                  ninguém perceber. Quando souberam disso, os reis e as rainhas não fizeram
                  comentários. O Sr. Castor já tinha avisado.

                         – Ele há de vir e há de ir-se. Num dia, poderão vê-lo; no outro, não.
                  Não  gosta  que  o  prendam...  e,  naturalmente,  há  outros  países  que  o
                  preocupam. Mas não faz mal. Ele virá muitas vezes. O importante é não
                  pressioná-lo, porque, como sabem, ele é selvagem. Não se trata de um leão
                  domesticado.
                         Como você vê, a história está quase acabando. Os dois reis e as duas
                  rainhas  governaram  Nárnia,  e  o  reinado  foi  longo  e  feliz.  A  princípio
                  gastaram grande parte do tempo destruindo o que restava do exército da
                  Feiticeira  Branca.  Durante  muito  tempo  ainda,  chegaram  notícias  de  que
                  espíritos maus se escondiam nos recantos desconhecidos da floresta. Uma
                  emboscada aqui, uma morte ali, um lobisomem que aparecia, uma bruxa
                  que  dava  o  ar  de  sua  desgraça...  Até  que  toda  aquela  raça  imunda  foi
                  eliminada. E os reis e as rainhas fizeram leis justas, mantiveram a paz, não
                  permitiram que as árvores fosse derrubadas sem necessidade, libertaram os
                  anõezinhos e os sátiros da tirania escolar. De modo geral, acabaram com
                  todos  os  importunos  e  intrometidos...  as  criaturas  chatas.  E  deram  força
                  para  as  pessoas  comuns,  que  só  querem  viver  e  deixar  que  os  outros
                  também  vivam.  Expulsaram  os  gigantes  maus  (muito  diferentes  de
                  Rumbacatamau)  do  norte  de  Nárnia,  quando  estes  tiveram  a  audácia  de

                  atravessar a fronteira. Estabeleceram tratados de boa vizinhança e firmaram
                  alianças  com  os  países  de  além-mar.  Visitaram  esses  países  e  deles
                  receberam visitas oficiais.
                         E eles próprios foram crescendo e mudando à medida que o tempo
                  passava.

                         Pedro  ficou  um  homem  alto  e  parrudo:  foi  chamado  Pedro,  o
                  Magnífico. Susana virou uma mulher alta e esbelta, de cabelos negros que
                  chegavam quase aos pés. Foi chamada Susana, a Gentil. Edmundo era mais
                  grave e calado do que Pedro, muito sábio nos conselhos de Estado. E foi
                  chamado  de  Edmundo,  o  Justo.  Lúcia,  esta  continuou  sempre  com  os
                  mesmos  cabelos  dourados  e  a  mesma  alegria,  e  todos  os  príncipes
                  desejavam  que  ela  fosse  a  sua  rainha.  E  foi  chamada  de  Lúcia,  a
                  Destemida.
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