Page 188 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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A CAÇADA AO VEADO BRANCO
Alguns minutos depois, a batalha terminava. A maior parte do inimigo fora
destroçada por Aslam e seus companheiros. Os outros, vendo a feiticeira
morta, renderam-se ou fugiram em debandada. Lúcia viu, então, Pedro e
Aslam apertarem-se as mãos. Inacreditável o ar que Pedro tinha agora: face
pálida e grave, um ar muito mais velho.
– Foi tudo obra de Edmundo, Aslam! – disse Pedro. – Se não fosse
ele, estávamos derrotados. A feiticeira ia petrificando as nossas tropas.
Nada havia que a detivesse. Edmundo, lutando sempre, conseguiu abrir
caminho entre os ogres e chegar ao local onde ela acabava de transformar
um leopardo em pedra. Ele teve o bom senso de arrebentar a vara mágica
com a espada, em vez de atacar diretamente a feiticeira, como os outros
vinham fazendo, em vão. Quebrada a vara, começamos a ter alguma
chance; mas já tínhamos perdido muitos dos nossos. Edmundo está muito
ferido. Vamos procurá-lo.
Encontraram Edmundo num lugar um pouco afastado da linha de
combate, entregue aos cuidados da Sra. Castor. Estava coberto de sangue,
de boca aberta, e verde, verde.
– Depressa, Lúcia! – gritou Aslam.
Só então, pela primeira vez, Lúcia se lembrou do licor precioso que
recebera de presente de Natal. Suas mãos tremiam tanto que mal conseguiu
abrir o vidrinho. Tirou a rolha e deixou cair umas gotas nos lábios do
irmão.
– Há outros feridos – disse Aslam, enquanto ela continuava com os
olhos ansiosamente cravados no rosto pálido de Edmundo, muito
desconfiada do efeito do licor.
– Sei disso – respondeu Lúcia, impaciente. – Daqui a um pouquinho
eu vou.
– Filha de Eva – disse Aslam, a voz mais severa. – Tem gente
morrendo. Quer que morram por causa de Edmundo?!
– Desculpe, Aslam.
Durante meia hora, os dois não tiveram mãos a medir; ela tratava dos
feridos, ele restituía a vida aos mortos, isto é, às estátuas.