Page 184 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Ah-ah! – gemeu Susana, num tom diferente.
– Olhe... Você acha que... que isto é seguro?...
Lúcia olhou e viu que Aslam soprava os pés de um gigante de pedra.
– Está tudo bem – gritou Aslam alegremente. – Quando os pés estão
corretos, todo o resto os acompanha.
– Não era isso que eu estava querendo dizer – murmurou Susana para
Lúcia.
Mas era tarde demais, mesmo que Aslam tivesse entendido. A força
da vida já subia pelas pernas do gigante. Ele mexeu os pés. Levantou o
cajado que tinha encostado ao ombro. Esfregou os olhos e disse:
– Que foi isso? Devo ter dormido demais! Ah!
Onde está aquela feiticeira de uma figa?
Tiveram de explicar ao grandão tudo o que havia acontecido. Levou
a mão à orelha e fez com que repetissem tudo, até ouvir e entender bem.
Depois, inclinou a cabeça à altura de um monte de feno e tirou o boné a
Aslam, muitas vezes, com o carão a resplandecer de alegria.
Os gigantes – de todas as raças – são tão raros hoje que há poucos
com boa aparência; aposto dez contra um que você nunca viu um gigante
com o rosto resplandecente. Mas, pode estar certo, vale a pena ver.
– E agora é lá dentro! – disse Aslam. – Todo o mundo de olho bem
aberto. Busca rigorosa em tudo! A gente nunca sabe onde pode estar
escondido um pobre prisioneiro.
Foi uma correria. Durante alguns minutos, aquele horrendo castelo,
velho, escuro e mofado, ressoou com o ranger das janelas que se abriam e
com o eco de vozes que gritavam ao mesmo tempo:
– Não se esqueçam dos calabouços!... Quem me ajuda a arrombar
esta porta?... Aqui tem outra escada de caracol... Olhem o coitado do
canguru!... Chamem Aslam... Puf, que abafamento!...
Será uma porta falsa?... Tem um bando imenso aqui em cima!...
Mas o melhor de todos os momentos foi quando Lúcia subiu as
escadas gritando:
– Aslam! Aslam! Achei o Sr. Tumnus! Depressa, por favor!
Daí a pouco, Lúcia e o pequeno fauno, de mãos dadas, dançavam de
alegria. Apesar daquela temporada triste de estátua, ele era ainda o mesmo,
muito interessado nas coisas que a menina tinha a contar.
Até que a busca na casa da feiticeira chegou ao fim. O castelo estava
vazio de todo. Pelas portas e janelas abertas, entrava a luz, e o ar