Page 185 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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perfumado da primavera insinuava-se até nos cantos mais escuros e feios.
A multidão de ex-estátuas voltou ao pátio. Foi aí que alguém (o Sr.
Tumnus, se não me engano) se lembrou de perguntar:
– Mas como iremos sair daqui?
Aslam entrara de um salto; os portões ainda permaneciam fechados.
– Não há problema – disse ele, chamando o gigante. – Como é o seu
nome?
– Sou o gigante Rumbacatamau, às suas ordens – disse ele, tirando o
boné.
– Pois muito bem, Sr. Rumbacatamau; pode ajudar-nos a sair daqui?
– Com muito prazer – disse o gigante. – A miudagem (isto é, os
pequeninos) que se afaste dos portões!
Então avançou para os portões e se ouviu o tan-tan-tan do cajadão.
Os portões chiaram ao primeiro golpe, estalaram no segundo, estremeceram
no terceiro. Depois, o gigante arremessou-se contra as torres ao lado dos
portões; apertou-as e sacudiu-as tanto, durante alguns minutos, que elas,
junto com pedaços de muralhas, caíram estrondosamente. Era estranho
estar naquele pátio de pedra e olhar pela abertura, e ver a relva lá fora, as
árvores balançadas pelo vento, os riachos cristalinos, as montanhas azuis e
o céu.
– Macacos me mordam se não estou suando em bicas! – disse o
gigante, ventando como uma locomotiva das grandes. – Falta de treino é
isso! Alguma das mocinhas aqui presentes terá, por acaso, aquilo a que dão
o nome de lenço?
– Eu tenho – gritou Lúcia, pondo-se nas pontas dos pés e levantando
o lenço o mais que pôde.
– Obrigado, menininha – disse Rumbacatamau, inclinando-se para
apanhá-lo.
Lúcia levou um dos maiores sustos de sua vida ao sentir-se levantada
no ar, como num elevador de obra, entre os dois dedos do gigante. Já estava
para tocar no rosto dele quando o gigante deu uma freada brusca e voltou a
colocá-la no chão, com muito cuidado, murmurando:
– Mil perdões! Foi engano meu; agarrei a menina pensando que era o
lenço.
– Não tem importância – disse Lúcia, rindo. – Aqui está o lenço.
Desta vez, o gigante conseguiu apanhá-lo, mas o lenço era tão
pequeno para ele como é para nós um chiclete... Quando a menina o viu