Page 186 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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esfregando  solenemente  o  lenço  de  um  lado  para  outro  na  carantonha
                  vermelha, exclamou:

                         – Sinto muito... o lenço é tão pequenininho... não vale quase nada,
                  Sr. Rumbacatamau.

                         –  Pelo  contrário,  pelo  contrário  –  respondeu  o  gigante,  com
                  delicadeza. – Nunca vi um lenço tão distinto... tão jeitoso... e tão... e tão...
                  nem tenho palavras...

                         – Mas que gigante simpático! – disse Lúcia ao Sr. Tumnus.
                         –  Ah,  simpático ele é!  –  replicou o  fauno. –  Os  Catamaus sempre
                  foram  assim.  Eram  uma  das  famílias  de  gigantes  mais  estimadas  em
                  Nárnia. Nunca foram lá muito inteligentes (pelo menos, nunca vi um), mas,
                  sem dúvida alguma, uma das famílias mais antigas. Com  muita tradição,
                  compreende. Aliás, se não fosse isso, a feiticeira não ia se dar ao trabalho
                  de transformar um Catamau em pedra.

                         Aslam bateu as patas e pediu silêncio.

                         – A nossa tarefa do dia ainda não acabou. Se quisermos derrotar para
                  sempre a feiticeira antes de anoitecer, teremos de encontrar já, já o campo
                  da batalha.

                         – E espero poder travá-la, senhor! – falou o centauro-maior.

                         –  Evidente!  –  concordou  Aslam.  –  Avante!  Os  que  não  podem
                  acompanhar a marcha (crianças, anões e bichos menores) vão às costas dos
                  outros  (leões,  centauros,  unicórnios,  cavalos,  gigantes  e  águias).  Nós,  os
                  leões,  vamos  na  vanguarda,  e  os  que  têm  o  faro  apurado  vão  conosco,
                  ajudando a localizar o campo de batalha. Depressa, todos a postos!
                         Com  grande  alegria  e  bastante  barulho,  todos  obedeceram.  Mas
                  quem estava inchado de contentamento era o outro leão, que corria de um
                  lado para outro, fingindo-se muito atarefado, só para ter a oportunidade de
                  repetir a cada um que encontrava:

                         – Ouviu o que ele disse? Nós, os leões! Ele e eu! Nós, os leões! Por
                  aí você vê por que eu gosto tanto de Aslam. Não se põe lá em cima, não é
                  de bancar o importante. Nós, os leões! Ele e eu!

                         E  só  parou  quando  Aslam  colocou  em  cima  dele  três  anões,  uma
                  dríade, dois coelhos e um ouriço. Aí, ficou um pouco mais calmo.

                         Quando  estavam  todos  prontos  (foi  um  grande  cão  de  guarda  que
                  ajudou o Rei a colocá-los em forma), saíram pela abertura feita na muralha.
                         A princípio, os leões e os cães iam farejando em todas as direções,

                  até  que  de  repente  um  cão  encontrou  um  rasto  e  soltou  um  latido.  Não
                  perderam  mais  tempo.  Cães,  leões,  lobos  e  outros  animais  de  guerra
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